Bolso Inteligente

Gasto de final de semana faz muita gente se perder no orçamento

Quanto custa ao seu orçamento o merecido descanso de fim de semana? Pelas ruas de Curitiba, entre as pessoas que se dispuseram a responder o valor varia entre R$ 100 e R$ 1.250, dependendo do período do mês, já que costumeiramente o primeiro fim de semana é o de “ostentação” e os demais de contenção.

Aliás, os “selfies” e “check-ins” produzidos para mostrar nas redes sociais acabam sendo um incentivo a mais para muitas pessoas gastarem em lugares e programações por vezes incompatíveis com o bolso. O jovem Guilherme de Souza, 19 anos, que trabalha em uma pista de kart o dia todo, das 10h às 23h, já chegou a desembolsar praticamente metade do salário em um sábado. “Foram R$ 800 entre o que bebemos e comemos, mais a entrada da casa noturna, sem contar a camisa e o tênis novo que comprei parcelado no cartão para sair naquela noite”, reconhece. No figurino novo ele calcula que pagou mais R$ 450.

Marco Andre Lima
Karina: vontade de comprar.

Embora Guilherme tenha uma jornada longa de trabalho, ele não consegue guardar dinheiro, nem investir na própria formação profissional. “Comecei o curso de logística, mas resolvi trancar a faculdade, pois sou responsável pelas contas de água, luz, telefone e ainda tenho 47 prestações do carro. Ou seja, não sobra para mais nada”, constata. Quanto aos gastos com lazer e diversão, por enquanto, ele não pretende interromper. “Preciso aproveitar a minha juventude”, justifica.

E Guilherme não está sozinho nessa maneira de gerenciar o próprio orçamento e, por vezes, resumir a diversão do mês em uma saída. O presidente da Associação de Bares, Restaurantes e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar), Fábio Aguayo, revela que alguns estabelecimentos chegam a registrar 40% do faturamento mensal no primeiro fim de semana, quando a maioria recebe o salário. “Por isso que a Lei Seca em ano eleitoral é tão prejudicial para o setor, mas já garantimos que no Paraná ela vigore das 6h às 18h nas próximas eleições”, comenta.

Marco Andre Lima
Gabriel: em casa é mais barato.

Aguayo admite que a “ostentação” realmente influi no setor. “Uma fila bem montada em frente ao estabelecimento atrai muito jovens que postam várias fotos da fila e acabam chamando mais gente para o estabelecimento”, conta. Segundo ele, alguns endereços noturnos se transformaram em verdadeiros sonhos de consumo, a ponto de se oferecer opções parceladas de festa. “Há lugares que parcelam valores para uma confraternização futura”, acrescenta.

O presidente da Abrabar explica que mesmo sendo fortemente afetado pela retração no consumo, a socialização e a experiência vivida em bares e restaurantes são os principais fatores que levam as pessoas a investirem parte do orçamento nisso. “Devemos fechar o ano com 40% de queda no faturamento bruto, por conta dessa desaceleração na economia. Nossos custos aumentaram drasticamente e tivemos que apertar as margens, pois o público cortou em 50% a frequência em bares e restaurantes”, aponta.

Marco Andre Lima
Jéssica: filhos são prioridade.

Festa em casa e limite ajudam

No grupo formado por Karina Francielle de Souza, 15 anos, Gabriel Ricardo Gonçalves, 19 anos, e Jéssica Thaís Jacinto Gonçalves, 23 anos, o fim de semana também representa um desafio para o orçamento, mas as prioridades sã,o outras, já que eles tentam se reunir na casa de parentes e amigos.

“Gasta menos do que balada, mas no fim de semana, quando tem dinheiro, dá vontade de comprar uma roupa nova ou comer algo diferente”, explica Karina. “Quando era solteira e sem filhos, eu gastava bastante. Teve um mês que recebi R$ 3 mil entre salário e comissão, mas não sei onde foi o dinheiro. Agora, com a minha filha, os gastos são com ela. Foram R$ 2 mil em roupas nos últimos dois meses, porque ela cresceu muito rápido, sem contar fralda e todo o resto”, afirma Jéssica.

Marco Andre Lima
Jaqueline: limite nas viagens.

Para evitar grandes despesas, os três também desviam de shoppings. “Teve uma vez que eu e meu marido fomos ao cinema e gastamos R$ 350 em uma tarde”, acrescenta Jéssica.

É devido aos planos de casar que a negociadora de banco Jaqueline Cristine de Souza Duarte, 21 anos, está de olho no orçamento. O noivo dela mora em Florianópolis (SC), o que torna inevitável uma despesa significativa a cada fim de semana que ela viaja para lá. “O fim de semana em Florianópolis representa um gasto equivalente a um terço do meu salário. O jeito é limitar as viagens para podermos casar”, avalia.

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Lira Carine: limite de R$ 100.

A dona de casa Lira Carine Estevão, 35 anos, conta que para alcançar os objetivos dela e do marido, o jeito foi fixar em R$ 100 o limite para o fim de semana. “Não a saímos para não gastar com estacionamento, não consumimos bebidas alcóolicas e as despesas ficam para uma refeição melhor, mas sem passar desse limite”, descreve.

Para o contador e professor do curso de Administração da FAE Centro Universitário, Antonio Carlos Leite de Oliveira, determinar uma quantia fixa para o fim de semana ou o quesito diversão é uma das maneiras para não se perder nesse tipo de gastos. “Quem agora está sofrendo a ressaca dos gastos do início de setembro pode aproveitar esse momento para dar início a uma planilha para o próximo mês e verificar de quanto é essa sobra para diversão”, orienta. “Curitiba é uma cidade que oferece várias opções gratuitas para lazer como parques, teatros e shows subsidiados, ou seja, a diversão pode ser desvinculada de grandes gastos feitos, muitas vezes, para exibir aos outros”, conclui.

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