O Brasil nunca gastou tanto com juros em um mês de julho nos últimos 12 anos como no mês passado. Dois motivos estão por trás do aumento dessas despesas: a atuação do Banco Central (BC) para amenizar a alta do dólar e a inflação mais elevada.
Conforme a autoridade monetária divulgou nesta sexta-feira, 30, que foram tirados dos cofres públicos para honrar compromissos R$ 23,4 bilhões em julho. A cifra é um terço maior do que as despesas com esse fim registradas em junho (R$ 17,6 bilhões) e 34% superior aos R$ 17,4 bilhões em igual mês do ano passado.
Apenas os leilões de swap cambial foram responsáveis por um aumento dos gastos com juros de R$ 1,7 bilhão no mês passado. Os leilões são uma ferramenta usada pelo BC desde 2002 toda vez que a autoridade monetária considera que o mercado de câmbio está muito volátil ou quer oferecer moeda estrangeira para os agentes financeiros. Na prática, são operações que equivalem à venda de moeda no mercado futuro.
As perdas do BC com essas operações desde o início do ano somam R$ 1,5 bilhão. Desde 2002, no entanto, a autoridade monetária registra mais ganhos do que despesas com esses leilões. Pelos cálculos do BC, o resultado desses 11 anos ainda está positivo em R$ 7,4 bilhões. Pelos dados da instituição apresentados, desde então, apenas em 2007 o resultado de um ano ficou negativo (R$ 8,8 bilhões).
Também pesou sobre o resultado acumulado dos gastos com juros dos sete primeiros meses do ano, no valor de R$ 141,487 bilhões, um IPCA de 3,18% – em igual período de 2012, havia sido de 2,76%. Além disso, o BC salientou a quantidade de dias úteis – três dias úteis a mais do que em junho e um a mais que julho do ano passado. O saldo negativo nominal de R$ 21,107 bilhões também foi o pior para julho da série, conforme o BC.