O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, disse hoje que, em maio, os gastos do setor público com o pagamento de juros, no acumulado de 12 meses, somaram R$ 179,363 bilhões, o nível mais alto da série histórica. O resultado ocorreu apesar da relativamente baixa taxa Selic (o juro básico da economia) acumulada em 12 meses até maio (8,8% ao ano), ante 12,6% nos 12 meses encerrados em maio de 2009.

continua após a publicidade

Segundo Altamir, a rigidez do gasto com juros do setor público mostrada pelos dados relativos aos últimos 12 meses é explicada pela combinação de uma dívida em grande parte prefixada, que demora mais tempo para gerar despesas menores, pela elevação da taxa de inflação – que remunera outra parte da dívida – e, por fim, pelo impacto dos empréstimos para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja remuneração recebida pelo Tesouro Nacional é menor que o custo de captação dos recursos.

Dinâmica da dívida

Altamir Lopes destacou que a dinâmica da dívida pública brasileira é “benigna”, com queda ao longo do tempo em função dos superávits primários. Ele listou uma série de países desenvolvidos que têm dívidas mais elevadas que o Brasil e ainda estão com previsão de alta no endividamento este ano, segundo dados de abril do Fundo Monetário Internacional (FMI).

continua após a publicidade

Os Estados Unidos, por exemplo, fecharam 2009 com dívida líquida de 58,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e devem encerrar 2010 com 66,2%. Na Alemanha, o índice passará de 64,3% para 68,6% do PIB; na França, de 67,7% para 74,5%; na Itália, de 113,2% para 116%. No Brasil, a dívida líquida em 2009 fechou em 42,8% do PIB e em maio já recuou para 41,4% do PIB.

O BC previa que a relação entre dívida e PIB fecharia 2010 em 40%, mas Altamir explicou que amanhã, com o relatório trimestral de inflação, uma nova projeção será divulgada.

continua após a publicidade