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Aliocha Maurício
Entressafra da cana-de-açúcar e aumento da quantidade de álcool anidro à gasolina pressionaram o preço na bomba.

São Paulo – Aos donos de carros bicombustíveis, um alerta: em 13 estados e no Distrito Federal, abastecer com álcool para economizar pode não ser um bom negócio. É o que mostram cálculos feitos a partir do levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP) na semana encerrada dia 7.

Nestes locais, o preço do combustível é superior a 70% do valor da gasolina, porcentual limite apontado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP para conseguir economizar usando álcool no automóvel. No Pará, onde o litro custava em média R$ 2,136 no período, a relação chega a 87%.

A lista inclui ainda outros estados das Regiões Norte e Nordeste como Amapá (onde a relação é de 81%), Piauí (77%) e Roraima (também 77%). Mas há também estados do Sudeste, como Minas Gerais (72%), e do Sul, como Rio Grande do Sul (74%).

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?Aqui não compensa optar pelo álcool?, diz Mário Melo, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Pará. O litro do combustível custa menos que o da gasolina, mas seu rendimento também é inferior. Com uma determinada quantidade de álcool, um veículo anda uma quilometragem menor do que rodaria caso tivesse sido abastecido com o mesmo volume de gasolina. Quando o preço do álcool encarece, o melhor mesmo é migrar para a gasolina. ?Quem resolve continuar tem um custo maior?, explica a pesquisadora do Cepea-USP Marta Cristina Marjotta-Maistro.

No Pará, que tinha o álcool mais caro na semana analisada, o preço alto se explica principalmente por conta da tarifa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente no combustível. Lá, o imposto estadual é de 30%, uma das tarifas mais elevadas do País. Em São Paulo, o ICMS é de 12%. ?Automaticamente o valor do álcool fica um absurdo?, reclama Melo.

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A possibilidade de optar pelo combustível mais barato e vantajoso é o grande atrativo dos carros do tipo ?flex fuel?, lançados no País em 2003. Eles conseguiram conquistar os brasileiros rapidamente. Segundo dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), 229 mil dos 387 mil automóveis e comerciais leves produzidos no País em janeiro e fevereiro deste ano foram bicombustíveis – quase 60%.

Entressafra

A entressafra da cana-de-açúcar – matéria-prima do álcool – é outro fator que faz o preço do combustível variar. No Centro-Sul do País, o período entre uma safra e outra começou no fim de novembro e termina por agora, início de abril. Por isso, desde janeiro o álcool encareceu na região, principalmente em São Paulo, explica Aldo Guarda, diretor-técnico da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis).

Ele destaca ainda que o aumento – de 20% para 23% – da quantidade de álcool anidro misturada à gasolina, em vigor desde dezembro de 2006, ajudou a pressionar o valor do álcool vendido na bomba. Assim, nem a abundância de cana na região a partir deste mês, quando começa a nova colheita, faz de Guarda menos pessimista. ?A tendência seria de queda daqui para frente, mas não vejo isso acontecendo muito?, opina.

No Norte e Nordeste, ocorre o oposto. A entressafra da cana acontece entre abril e outubro. Portanto, por agora deve haver uma pequena elevação dos preços nas regiões, segundo Guarda.

Faça o cálculo antes de abastecer

Faça as contas antes de abastecer seu carro bicombustível com álcool no lugar da gasolina. Basta dividir o preço do litro do álcool pelo valor do litro da gasolina e multiplicar o resultado por 100. Se o número for superior a 70%, o melhor é usar a gasolina. Se for inferior, abastecer com álcool significa economia. Em Curitiba a média de preço é R$ 2,29 para a gasolina e R$ 1,59 para o álcool. A diferença gira – em média – em R$ 0,68. Na divisão (R$ 2,29 por R$ 1,59, multiplicado por 100, tem-se: 69%. Ainda vale a pena abastecer com álcool.