Gasolina passará a ter 23% de álcool

Foto: João de Noronha/O Estado

Preço dos combustíveis pode cair.

O governo federal vai autorizar o aumento da mistura do álcool anidro à gasolina de 20% para 23% a partir de 20 de novembro. A decisão foi ratificada em reunião na manhã de ontem do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), órgão formado pelos ministérios da Agricultura, Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

A resolução será publicada até o final desta semana no Diário Oficial da União e pode trazer uma redução inicial de 1,5% no preço da gasolina vendida nos postos, de acordo com cálculos do governo, informou o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan Filho. Os 20 dias entre o anúncio do aumento da mistura e sua efetivação ocorrem por questões logísticas da Petrobras, responsável pela adição do álcool à gasolina.

A decisão atende apenas parte do pedido feito pelos usineiros, que queriam a retomada da mistura em 25%, em vigor até fevereiro deste ano, quando houve a redução em virtude de uma iminente crise de desabastecimento do álcool. ?Houve um consenso que o aumento para 23% dá certo conforto ao governo e evita uma nova redução durante a entressafra de cana-de-açúcar?, afirmou Bressan. A entressafra de cana começa em dezembro e segue até meados de abril, quando as primeiras destilarias de álcool começam a moer a próxima safra.

O governo estima que a medida gerará uma demanda de 306 milhões de litros de álcool e, conseqüentemente, economizar esse mesmo volume de gasolina até 1.º de maio, quando começa oficialmente a safra 2007/2008. Já os estoques de álcool, que estavam em 5,11 bilhões de litros no início de outubro deste ano, devem ser de, no mínimo, 500 milhões de litros no início da próxima safra.

Estima-se ainda que esse volume, chamado de estoque de passagem, possa variar, pois há uma produção prevista de 400 milhões de litros de álcool em abril. ?Muitas usinas já começam a moer a próxima safra em abril e esse volume pode aumentar sem que haja uma decisão de antecipar o processamento em comum acordo entre governo e produtores?, explicou Bressan.

Sobre a queda no preço da gasolina, ela ocorre porque o álcool anidro é mais barato e porque sobre o combustível não há a incidência de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e nem da Contribuição de Intervenção Sobre o Domínio Econômico (Cide). ?Os cálculos apontam para uma redução de 1,5% no preço da gasolina com o aumento de três pontos percentuais na mistura?, concluiu Bressan. O país consome entre 24 a 25 bilhões de litros de gasolina por ano, ou cerca de 2 bilhões de litros por mês.

No entanto, é possível que a queda no preço da gasolina não dure muito. Isso porque o aumento na mistura do anidro à gasolina deve naturalmente pressionar o preço do álcool, juntamente como a paralisação no processamento no início da entressafra de cana-de-açúcar no centro-sul, maior região produtora e consumidora dos combustíveis. Deve pressionar ainda o preço do etanol hidratado, utilizado nos veículos flex fuel ou movidos exclusivamente a álcool.

A decisão sobre o aumento na mistura do anidro à gasolina, que, por lei, varia dentro de uma banda de 20% a 25%, estava prevista apenas para ocorrer em janeiro de 2007, mas foi antecipada depois que os usineiros deram garantias de abastecimento do combustível ao governo. A decisão pelos 23% fica próxima aos 22% pedidos por uma corrente mais conservadora do governo, ligada ao Ministério das Minas e Energia, e mais distante de outra corrente, de técnicos e usineiros, que achavam possível o retorno para 25%. Pesou na decisão ainda a influência da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que, apesar de não integrar o Cima, seria a responsável pela palavra final na questão.

Indústrias rejeitam reajuste do gás natural

Rio (AE) – Novos aumentos de preço do gás natural estão fora dos planos do setor industrial, que investiu milhões de dólares na conversão de suas fábricas. Para entidades e empresas, uma elevação dos custos poderá comprometer de forma significativa a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e provocar repasses para o consumidor interno.

?Não temos condições de pagar mais nada pelo gás natural. Hoje trabalhamos com a hipótese de não haver nenhum reajuste?, afirma o diretor do Departamento de Infra-Estrutura (Deinfra) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio. Segundo ele, se o preço subir, apesar dos apelos da indústria, a alternativa será procurar outras alternativas ao gás natural, como o óleo combustível, bem mais poluente.

O presidente da Associação Sul Brasileira da Indústria de Cerâmica para Revestimento (Asulcer), Murilo Ghizoni Bortoluzzi, lembra que o gás teve recentemente um aumento de 1,8% na região, o qual foi absorvido pela distribuidora para não prejudicar ainda mais o maior pólo exportador de revestimentos cerâmicos das Américas, que conta com 12 empresas nos estados de Santa Catarina e Paraná. Só no estado catarinense, o setor é responsável pelo consumo de 55% do gás natural.

O presidente da Gyotoku, Adriano Lima, afirma que as empresas estão acompanhando de perto as negociações entre a Petrobras e os representantes do governo boliviano. Isso porque, lembra ele, o combustível é responsável por 30% do custo do produto cerâmico. Além disso, 95% da matriz energética do setor é gás natural. ?Qualquer reajuste significará perda de competitividade no mercado externo e aumentos nos preços dos produtos para o consumidor interno.?

Na avaliação do presidente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro, Lucien Belmonte, o pior, além do aumento do preço, é o contingenciamento do gás natural, que já está ocorrendo no país. ?Não há disponibilidade de gás para todos e a prioridade são as termoelétricas?, afirma ele, destacando que empresas como Braskem, Vale do Rio Doce e Companhia Siderúrgica de Tubarão já estão sendo contingenciadas.

Setor mineral do Paraná mostra recuperação

Responsáveis por 95% da cal e do calcário produzido no Paraná, 90 empresas da Região Metropolitana de Curitiba se uniram para a formação de um novo Arranjo Produtivo Local (APL). É um setor que já garante 5.500 empregos diretos. Segundo o secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Jacir Bergmann II, garantir sustentabilidade e capacitação para exportar são metas prioritárias para o crescimento do APL. ?Há ainda muitos empregos a serem criados e muitos mercados a serem alcançados?, sinaliza o secretário.

Para proporcionar a excelência dos produtos, as empresas mineradoras da região estão definindo novas estratégias. Para isso, a Mineropar, empresa ligada à secretaria, está reforçando a assessoria ao setor, principalmente ao pequeno e médio empresário. ?Buscamos a ampliação da produção?, destaca o presidente da Mineropar, Eduardo Salamuni. Para ele, o arranjo produtivo vai agregar melhorias para os empresários. ?A instalação de uma escola técnica e as linhas de crédito oferecidas são alguns dos grandes benefícios trazidos pelo APL.?

Atualmente, a indústria mineral paranaense é produtora de diversos minerais não metálicos como calcário calcítico, calcário dolomítico, areia brita, argila, caulim, talco, fluorita, mármore e granito. Segundo o coordenador do Arranjo Produtivo Local do setor na RMC, Fábio Pini, já foram investidos R$ 500 mil para a consolidação do APL.

Um dos desafios do Arranjo Produtivo Local é preparar o setor de mineração para a exportação, promovendo a capacitação dos empresários e oferecendo alternativas para o mercado externo. A empresa Gulin Cal ainda não exporta, mas pretende futuramente ampliar a venda de seus produtos com a ajuda do APL. ?Estamos sendo preparados para a comercialização externa dos nossos produtos, o que ajudará o nosso setor a obter reconhecimento nacional?, afirma o diretor da empresa Alzemir Gulin. (AEN)

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