Gasolina já subiu 145% em quatro anos

Abastecer de gasolina um carro em São Paulo hoje ficou cerca de 145% mais caro do que há quatro anos. Os gastos para encher um tanque de 55 litros de combustível passaram de R$ 42 em dezembro de 1998 para ao redor de R$ 104, com base nas projeções de preços depois do aumento da sexta-feira. Apesar disso, a variação no período ainda está abaixo da evolução dos preços do petróleo e do câmbio, usados como parâmetros para a definição dos preços de derivados de petróleo.

O cálculo dos gastos levou em conta o preço médio ao consumidor pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na capital paulista no último mês de 1998, de R$ 0,77 o litro da gasolina, e o de outubro deste ano, de R$ 1,72, corrigido pelo reajuste médio de 10,85% no varejo recém-apurado em pesquisa do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) em 140 postos. No período, a inflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pela FGV foi de 32,23%.

“Subiu realmente, mas bem abaixo da variação do câmbio e do preço do petróleo no período”, ponderou a economista do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Viviana Faria. Na avaliação da especialista em energia, a evolução do preço do combustível dependerá da trajetória do câmbio, que já desceu do nível dos últimos dias e fechou a R$ 3,52 hoje (5), e do que ocorrerá com a ameaça de conflito no Oriente Médio, com uma possível invasão ao Iraque pelos Estados Unidos. Antes das eleições, o dólar chegou à casa dos R$ 3,95.

Segundo o CBIE, o preço do barril do petróleo subiu 164% de dezembro de 1998 até outubro de 2002, enquanto o dólar teve valorização de 216% no mesmo período. Viviana ressaltou que a margem de manobra do governo com relação ao preço do combustível se resumiria a reduzir o valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o que ela considera difícil de ocorrer por causa das restrições orçamentárias da União.

“Há restrições para se abrir mão de receitas”, disse a economista. Com base na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação da gasolina acumula alta de quase 110% entre 1999 e setembro deste ano.

Levando em conta um impacto ao consumidor do aumento da gasolina decidido na sexta-feira para as refinarias de 9%, conforme estimativa da própria Petrobras, a variação acumulada no período avançaria para perto de 130%. O índice do IBGE é feito em nove regiões metropolitanas e dois Estados.

Depois de registrar uma deflação de 0,30% no IPCA em 1998, o preço da gasolina avançou 51,99% em 1999, 30,75% em 2000 e 7,21% em 2001. Até setembro deste ano, a variação do preço dos combustíveis acumula queda de 1,62% por conta, ainda, da redução dos preços nas refinarias de 25%, que entrou em vigor no início do ano. Com o impacto do aumento recente do preço do combustível  esta queda deverá ser revertida.

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