A gasolina amanheceu hoje em média 10,8% mais cara nas refinarias de todo País. O reajuste foi anunciado ontem pela Petrobras. Para o consumidor, a expectativa da estatal é que o aumento fique em torno de 4,5%. Já o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR) estima alta aproximada de 6% nas bombas, já a partir de hoje. Com isso, o preço da gasolina em Curitiba, que gira em média de R$ 1,95 o litro, passaria para R$ 2,06. Isso porque apenas os preços nas refinarias são controlados. Esse é o primeiro aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras no governo Lula. Em abril do ano passado, a estatal reduziu o preço dos combustíveis em 6,5%.
O litro do diesel também ficará mais caro a partir de hoje: 10,6% nas refinarias. Nas bombas, a estimativa do Sindicombustíveis-PR é que o combustível suba cerca de 8%. Com isso, o preço médio do litro em Curitiba passaria de R$ 1,35 para aproximadamente R$ 1,45.
Para Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis-PR, o aumento veio em má hora. “O poder aquisitivo está baixo, o consumidor não tem dinheiro para compra. Quanto mais aumenta o combustível, menos se vende”, lamentou Fregonese. Para ele, dessa vez os preços dos combustíveis não deverão ficar à mercê da concorrência dos postos. “Não há muito fôlego para concorrência, nem espaço para manobras”, diz. Para ele, a concorrência e uma gradual redução de preços só deve acontecer daqui a alguns dias. “No primeiro momento, vamos sentir a alta de forma rápida nas bombas”, acredita.
O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, justificou o aumento dizendo que a empresa considera que já houve uma mudança de patamar no preço de petróleo internacional. Segundo ele, a Petrobras mantém, desde janeiro de 2002, política de praticar preços competitivos no Brasil, coerentes com o mercado internacional, sem repassar para o consumidor imediatamente as mudanças externas.
Aumento do petróleo
A alta da gasolina se deve ao aumento do petróleo, que ultrapassou os US$ 40 em Nova York no mês passado, e dos combustíveis nos mercados internacionais. O governo não vai mexer no preço do gás de cozinha (GLP).
Apesar da estatal não ter mexido nos preços neste ano, os combustíveis já estavam mais caros desde o final de maio, quando várias distribuidoras aumentaram o preço da gasolina e do álcool em cerca de 1,5% e 12%, respectivamente. O reajuste foi provocado pelo aumento do preço do álcool – a gasolina vendida nas bombas tem 25% de álcool.
Estatal
Ao contrário da maioria das petrolíferas internacionais, a estatal brasileira adiou o mais que pôde o reajuste dos combustíveis. A estimativa dos analistas é de que a Petrobras estava vendendo a gasolina nas suas refinarias com descontos de até 30%.
Ontem, o petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York estava cotado a US$ 37,50. Mas no mês passado, chegou a bater a marca dos US$ 40. O barril do petróleo tipo Brent para entrega em julho, negociado em Londres, está cotado a US$ 35,22.
A ausência de um reajuste no preço dos combustíveis no primeiro trimestre foi um dos fatores para a queda de 28% no lucro da estatal no período, em relação ao mesmo trimestre do ano passado – R$ 3,972 bilhões ante R$ 5,5 bilhões.
O último reajuste da gasolina foi anunciado em abril do ano passado, quando a Petrobras reduziu o preço em 6,5% nas refinarias (5% nos postos). Antes disso, houve um aumento nos preços dos combustíveis no final do governo FHC, em dezembro de 2002.