Gasolina e álcool sobem nos postos Petrobras

A gasolina fica pelo menos 1,5% mais cara para o consumidor a partir de hoje nos postos da Petrobras Distribuidora em todo o País. Este é o terceiro aumento do combustível nas bombas somente neste ano. O reajuste corresponde a um repasse do aumento do preço do álcool, decidido pelos usineiros. O álcool também subirá na bomba – cerca de 6%.

O custo da gasolina vai subir porque o álcool compõe 25% da mistura vendida nos postos. A Petrobras Distribuidora, subsidiária de distribuição de combustíveis da Petrobras, tem ditado os preços no Brasil porque detém um terço do mercado.

No dia 15 de junho, a Petrobras reajustou o preço da gasolina em 10,8% em suas refinarias e estimou uma alta de cerca de 4,5% nas bombas. Naquela ocasião, o motivo do aumento foi a disparada da cotação do petróleo no mercado internacional.

Anteontem, o presidente da estatal, José Eduardo Dutra, disse que, se o petróleo se consolidar em um patamar de preço mais elevado, os preços dos combustíveis da companhia no Brasil terão que acompanhar a alta e serão novamente reajustados. O aumento de junho foi o primeiro do governo Lula nas refinarias e também ocorreu em razão do aumento do preço internacional do barril.

A Petrobras Distribuidora já havia realizado, em 26 de maio deste ano, um reajuste de 1,5% na gasolina, também devido ao aumento do preço do álcool. Na ocasião, o álcool vendido nas bombas havia sido reajustado em 12%.

Os produtores de álcool alegam que a alta do produto, em torno de 12%, foi motivada por problemas climáticos. Segundo eles, chuvas recentes prejudicaram a lavoura da cana-de-açúcar, diminuindo sua oferta no País.

Sem outro reajuste

A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse que, apesar da alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional, o governo e a Petrobras não estão pensando em elevar o preço dos combustíveis no momento.

A ministra ratificou o que já havia sido dito pelo presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra: não há ainda definição de um novo patamar de preço para o petróleo.

“Nós não somos um País como éramos na época do primeiro choque (do petróleo, em 1973), quando tínhamos 70% de importação. Nós podemos perfeitamente não acompanhar todos os movimentos especulativos do mercado internacional”, disse.

A ministra reconheceu, no entanto, que, se o preço mudar efetivamente de patamar, deverá haver reajuste. “Reconhecemos também que, caso haja esse realinhamento de patamar, nós iremos tomar essa medida (de reajustar o preço da Petrobras).”

Questionada sobre se as eleições iriam influenciar a decisão da Petrobras de aumentar ou não o preço dos combustíveis, a ministra disse: “Eu acho que há uma influência política forte da eleição americana, pública e notória”, disse.

Petróleo atinge recorde e barril chega a U$ 44,41

O petróleo voltou a subir e fechou ontem cotado a US$ 44,41 o barril, novo recorde, devido às dificuldades financeiras da gigante petrolífera russa Yukos. Durante o dia, o barril atingiu até US$ 44,50, maior valor desde o início da negociação do contrato na Bolsa Mercantil de Nova York, em 1983.

Ontem o governo russo proibiu a Yukos de usar recursos de contas bloqueadas devido a uma dívida em impostos no valor de US$ 3,4 bilhões em 2000. Anteontem, o petróleo havia recuado após autoridades permitirem à Yukos acessar as contas para continuar financiando sua produção.

Os investidores temem que a perda da produção da Yukos – cerca de 1,7 milhão de barris por dia, quase 2% da produção mundial – agrave a situação do suprimento do produto no mercado global de petróleo, com o forte aumento da demanda.

“A situação da Yukos ficou consideravelmente pior agora”, disse o vice-presidente do grupo de análise de risco do setor de energia Fimat USA, John Kilduff. “O mercado não pode arcar com a falta desta quantidade de petróleo por tempo nenhum.” Em Londres, o barril do Brent para setembro também atingiu preço recorde de US$ 41,15.

Os ataques às instalações de produção e de exportação no Iraque são um outro fator de preocupação. O oleoduto entre Kirkuk (norte do país) e o porto turco de Ceyhan foram sabotados na terça-feira, interrompendo as exportações de petróleo do Iraque para esse terminal. Foram os mais recentes em uma série de ataques que as instalações petrolíferas iraquianas vêm sofrendo nos últimos meses.

O presidente da Opep, Purnomo Yusgiantoro, reconheceu, também na terça-feira, que o cartel precisa de tempo para aumentar a oferta de petróleo bruto e deter, com isso, o forte aumento dos preços. “O preço do petróleo está muito alto, é loucura. Não há capacidade adicional (de fornecimento)”, disse.

Analistas do setor dizem que o preço do barril do petróleo poderia chegar a US$ 50 até o fim de 2004 se a demanda continuar aumentando sem um crescimento correspondente na produção.

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