Rio
– A Petrobras anunciou que a partir da zero hora de segunda-feira reajustará o preço da gasolina em 12,09% nas refinarias. O preço do óleo diesel subirá 20,50% no mesmo dia. O do botijão de gás de cozinha (GLP) de 13 quilos será aumentado em 22,8% na terça-feira. A estatal calculou um teto de impacto dos reajustes para o consumidor final, se mantidas as atuais margens de distribuição e revenda, as regras tributárias e o custo do álcool adicionado à gasolina. Na média do País, a gasolina ficaria 9% mais cara para o consumidor, o óleo diesel, 17% e o gás de cozinha, 12%.Outros aumentos confirmados: querosene de aviação (em 14,8%), nafta petroquímica (8,75%) e gás natural (21,05%). Esses produtos têm seus preços periodicamente revistos pela estatal, de acordo com uma fórmula. Também serão reajustados os preços do óleo combustível em 11% e do GLP não P-13 (que não é gás de cozinha) em 14,8%.
O presidente da Petrobras, Francisco Gros, afirmou que o reajuste foi do tamanho considerado necessário neste momento ?para manter uma política de alinhamento de preços aos níveis competitivos?.
O executivo não quis dizer se o reajuste já é suficiente para cobrir a desvalorização do real nas últimas semanas.
– O futuro a Deus pertence. Podemos vir até a reduzir os preços mais para frente – considerou. Se o dólar continuar em queda a Petrobras poderá ainda neste ano anunciar redução nos preços de alguns produtos, informou o diretor de Abastecimento da estatal, Rogério Manso. Segundo ele, os preços da gasolina, do diesel e do GLP ainda não estão alinhados com os preços internacionais, mas a empresa espera que com uma queda maior da taxa do dólar os valores possam se equiparar aos do mercado externo.
O preço da gasolina estava represado desde 30 de junho. O do gás de cozinha foi congelado em agosto pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que nesta sexta-feira retirou as restrições. O presidente Fernando Henrique Cardoso teria se comprometido com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a eliminar a defasagem de preços nos combustíveis até o fim deste ano, para garantir à Petrobras que comece 2003 com equilíbrio de caixa.
Os percentuais estimados de aumento ao consumidor ?estão sujeitos a variações, para cima ou para baixo, sempre que a competição na distribuição e revenda levar a variações de margens nestes setores ou quando os preços de fornecimento de álcool adicionado à gasolina forem reajustados?, avisa a Petrobras em um comunicado.
O reajuste da Petrobras embute a nova tabela dos preços do álcool anidro, que entrou em vigor nesta sexta-feira com aumento de 21,97%. A gasolina vendida ao consumidor contém 25% de álcool.
Segundo o comunicado, a estatal, ?por orientação de seu Conselho de Administração, optou por aguardar a redução do nível de incertezas então existente para reajustar seus preços?. A empresa considera que estão afastadas as principais incertezas e diz que os preços de derivados no mercado internacional e a taxa de câmbio estão em patamares maiores do que os adotados pela companhia na definição dos novos preços.
A Petrobras afirma que ?a existência de um mercado aberto e competitivo? viabiliza investimentos de US$ 100 bilhões da indústria de petróleo no País nos próximos dez anos. Apenas a estatal tem um programa de US$ 31,7 bilhões entre 2001 e 2005, que ?depende essencialmente da sua geração própria de recursos, obtidos por meio da venda de seus produtos?, justifica a Petrobras.
Gasolina sobe R$ 0,16 em Curitiba
Olavo Pesch
O litro da gasolina vai subir em torno de R$ 0,16 em Curitiba, pelas contas preliminares do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio de Combustíveis e Derivados do Paraná). Como o preço médio estava em R$ 1,73, variando de R$ 1,65 a R$ 1,79, deverá passar para R$ 1,89. “Lamento mais essa alta. Cada posto fará a recomposição do seu preço, mas tem uma variável não considerada que é a pauta do ICMS”, avalia o presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese. Hoje, o ICMS da gasolina é recolhido sobre a base de R$ 1,9732. Este valor deverá ser reajustado na segunda-feira pela Secretaria Estadual da Fazenda.
Segundo Fregonese, os novos preços começarão a valer efetivamente na terça-feira. “Na segunda, não haverá parâmetros de preço. As companhias estão parando de faturar, não aceitam pedido nem estão entregando”, relata. “Dependendo do comportamento do consumidor, pode ter postos secos na segunda de manhã. Os estoques só devem ser repostos na segunda à tarde”, imagina.
O presidente do Sindicombustíveis projeta uma retração de 30% no consumo de combustíveis na próxima semana. “Os consumidores devem correr aos postos entre hoje (ontem) e domingo”, prevê Fregonese. Ontem, muitos postos da cidade já retiraram os descontos, se preparando para o aumento. Desde o meio da tarde, já havia filas de carros em diversos estabelecimentos.
Pelas projeções do Sindicombustíveis/PR, o óleo diesel terá elevação de R$ 0,18 por litro. Como os preços variam entre R$ 1,09 e R$ 1,14 em Curitiba, deverão passar para R$ 1,30, em média.
O Sindicato das Empresas de Transporte do Estado – Setcepar – distribuiu comunicado ontem, assinado pelo presidente Rui Cichella, alertando os associados para o aumento que entra em vigor na segunda-feira. A entidade tem expectativa de que o impacto, na bomba, do óleo diesel (reajuste autorizado de 20,50%, deverá ser entre 17% e 18%.
Novembro começa com inflação de 0,74%
Olavo Pesch
O aumento dos combustíveis, anunciado ontem pela Petrobras, já representa um impacto de 0,74% na inflação de novembro (IPCA), conforme levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Pelos cálculos da entidade, somente a alta de 9% prevista no preço da gasolina ao consumidor influenciará o índice em 0,4%. A elevação do álcool neste mês aumentará o IPCA em mais 0,18%, enquanto a majoração de 12% no gás de cozinha terá impacto de 0,16% na inflação.
O que pode amenizar a alta dos combustíveis, segundo o economista Cid Cordeiro, do Dieese, é a tendência de queda no câmbio, diminuindo sua pressão sobre os preços, além dos preços agrícolas já terem alcançado o limite do espaço de crescimento. “Vamos acompanhar o desfecho da briga entre indústria e varejo, já que até agora os preços do varejo não foram totalmente contaminados pela variação cambial”, comentou Cordeiro. De janeiro a setembro, o IPCA, que reflete a variação de preços no varejo, acumula 8,01%, enquanto o IGP-M, índice de preços no atacado, subiu 14,9%. “Os segmentos que mais repassaram o preço da variação cambial ao consumidor foram alimentação e preços administrados”, cita o economista.
O Dieese estima que o IPCA feche o ano em 8,8%, enquanto o IGP-M deve encerrar 2002 próximo de 20%. Para o INPC, utilizado na maioria das negociações coletivas de trabalhadores, a previsão é de 9,6%. “A expectativa era que a inflação fosse pressionada pelas tarifas públicas no primeiro semestre e pelos alimentos no segundo semestre. Mas a pressão dos preços administrados continua com os aumentos dos combustíveis e, em dezembro, do pedágio e da água”, considera Cordeiro.