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Depois da disparada do preço da gasolina em Curitiba no início de agosto, com o litro alcançando o patamar de R$ 2,25, o que se vê agora nos postos de combustível são preços caindo cada vez mais. Conforme o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), é possível encontrar em Curitiba o litro da gasolina sendo vendido a R$ 1,940 – o menor preço na pesquisa. O maior valor encontrado foi R$ 2,170, enquanto a média é de R$ 2,015.
Para o membro do Conselho Consultivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), Pedro Milan, o mercado de Curitiba é bastante singular. “É um mercado que tem certa complexidade. É altamente competitivo e cheio de irregularidades”, afirmou Milan, referindo-se à venda de gasolina adulterada. Ele lembrou que a margem de lucro dos donos de postos da capital paranaense é uma das mais baixas e disse que a oscilação de preços é normal. “O mercado sempre oscilou. O que infelizmente temos visto é a quantidade de álcool acima de 22%”, disse, referindo-se à composição da gasolina. Ele não soube informar se a queda guarda ligação com a ação civil pública impetrada pelo Ministério Público no mês passado, solicitando a margem de lucro dos donos de postos de Curitiba.
Concorrência
Para o dono do posto Capanema, da bandeira Esso, Marcos Venício Scripe, a concorrência e a queda de preços junto às distribuidoras têm ocasionado a redução nas bombas. Conforme levantamento da ANP, o preço médio da gasolina na distribuidora caiu de R$ 1,891 para 1,853 nas últimas quatro semanas. No mesmo período, a gasolina na bomba baixou de R$ 2,15, em média, para R$ 2,01. Também o preço do álcool, que chegou a R$ 1,35 no início de agosto, caiu para R$ 1,17 ou menos.
“Se um posto reduz o preço, o outro reduz também por causa da concorrência. O problema é que alguns adulteram o combustível sistematicamente”, afirmou Scripe. Segundo ele, como o número de postos na capital é maior do que a demanda, a tendência é de queda no preço. Para ele, no entanto, os preços devem estacionar. “Se cair ainda mais, vai ficar difícil para trabalhar pois os custos estão aumentando. Haverá postos fechando”, alertou.
Para Scripes, uma nova alta do combustível só deverá ocorrer caso aconteça alguma crise internacional, que desencadeie nova disparada do preço do barril de petróleo. Nas últimas declarações, no entanto, a Petrobras afirmou que nova alta do combustível está descartada enquanto perdurarem as oscilações do mercado.
Petróleo sobe, de novo
O barril do petróleo cru para entrega em outubro, negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, voltou a subir ontem com o anúncio da Yukos de que irá suspender temporariamente o fornecimento de petróleo à China. O barril do cru fechou cotado a US$ 46,35, em alta de 1,67%. A Yukos irá suspender a entrega de petróleo na China por não ter como custear o transporte do produto, segundo a agência de notícias Associated Press.
O eventual atraso na entrega nos EUA da produção das refinarias do golfo do México em razão da passagem do furacão Ivan também afetou os preços. A preocupação de analistas e investidores é quanto ao tempo que a atividade nas unidades produtoras do golfo do México vai levar para voltar aos níveis normais.
Setor sucroalcooleiro anuncia investimento
Indústrias de açúcar e álcool do Paraná lançaram ontem, no Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, um programa que visa expandir a produção de cana-de-açúcar e modernizar as instalações industriais, com investimentos de R$ 1,8 bilhão. Amanhã, representantes do setor e do governo do Estado estarão no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apresentar o projeto e reivindicar o financiamento de R$ 1 bilhão. O restante seria investido pelo próprio setor.
“A obrigação do governo é antecipar o que vai acontecer, por isso reconhecemos a qualidade estratégica do setor”, disse o governador Roberto Requião (PMDB). Segundo ele, o governo entrará apenas com o apoio estratégico para desenvolver o projeto. Requião afirmou já ter tido um contato inicial com o BNDES e as perspectivas são boas para que haja o investimento.
Com o investimento, o presidente da Associação de Produtores de Álcool do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, acredita que haverá uma expansão de 150 mil hectares da área plantada, que hoje é de 340 mil hectares. Com isso, dentro de dois anos o Estado poderá acrescentar 1,1 bilhão de litros de álcool à produção atual de 1,2 bilhão de litros e 1,8 milhão de toneladas de açúcar. “Temos um potencial fantástico no Paraná”, afirmou Tormena. Ele acredita que a safra, hoje de 28 milhões de toneladas de cana, tenha aumento de 45%.
Os investimentos deverão ser realizados sobretudo nas regiões Noroeste e Norte Pioneiro do Estado. A previsão é de que o setor, que hoje emprega 70 mil pessoas, agregue 16 mil postos.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina estuda a possibilidade de instalação de um terminal exclusivo para exportação de álcool. Hoje, a exportação paranaense chega a cerca de 200 milhões de litros anuais. Também está em estudo a construção de um duto que levaria o álcool de Curitiba a Paranaguá, numa extensão aproximada de 100 quilômetros. “Teríamos uma grande economia com logística”, disse Tormena.