Rio – Gasolina brasileira já está 22% mais cara que a vendida no mercado internacional depois de ficar defasada no ano passado, a gasolina está 22% mais cara no Brasil em comparação aos preços praticados no mercado internacional. O cálculo foi feito pelo Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), que acompanha o valor do combustível no mercado interno e externo diariamente. A diferença, na análise do diretor do CBIE, Adriano Pires, deve-se principalmente à desvalorização cambial nas últimas semanas.
“Apesar de se manter em alta no mercado internacional, devido ao cenário instável de possibilidade de guerra no Iraque e greve na Venezuela, a gasolina sofreu no Brasil o impacto da queda do dólar nos últimos dias”, comentou. Hoje, o preço do combustível na refinaria está em R$ 0,8213. O preço do diesel também acumula uma diferença frente ao mercado internacional, segundo o CBIE, de 8%.
No ano passado, tanto a gasolina como o diesel produzidos em território nacional estiveram por quase três meses – entre julho e novembro – em defasagem frente ao mercado externo, devido à decisão do governo federal de não repassar a diferença de preço para o consumidor no período eleitoral. Desde a abertura do mercado, o governo havia optado por manter o alinhamento dos preços para atrair investidores para o setor, apesar de o Brasil produzir 80% dos combustíveis consumidos.
A defasagem, segundo analistas, pode ter custado aos cofres da Petrobras US$ 300 milhões ao mês, ou um total de quase R$ 3 bilhões. “É um dinheiro perdido que não há como repor”, analisa Pires. Ele acredita, entretanto, que a diferença entres os preços interno e externo ainda não deveria ser repassada para os consumidores. “O cenário internacional está absolutamente instável e ainda não é possível definir se a queda do dólar veio para ficar”, disse.
Em sua opinião, entretanto, o governo deveria aproveitar o momento para estabelecer um fundo com o valor arrecadado acima do mercado internacional, para que não precisasse repassar de imediato novos aumentos, como alta no preço do petróleo em caso de guerra.
O secretário-executivo do Ministério das Minas e Energia Maurício Tolmasquin, havia afirmado, em entrevista na semana passada, que a política do novo governo é de manter o alinhamento de preços. Tolmasquin afirmou, entretanto, que em caso de o preço internacional se elevar sobremaneira por conta de uma guerra, a opção do governo seria “segurar os preços” para evitar o impacto maior sobre o consumidor.