Gasolina ainda pressiona tarifas públicas

A gasolina pressionou, mais uma vez, os preços administrados e monitorados por contrato em Curitiba. Com isso, a cesta de tarifas públicas fechou o mês de outubro com alta de 1,10% – o primeiro aumento depois de quatro meses consecutivos de queda. Apesar da alta em outubro, os preços administrados acumulam deflação de 0,14% no ano; nos últimos 12 meses, a variação é positiva em 1,02%. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR) e foram divulgados ontem em conjunto com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).  

De acordo com o economista do Dieese-PR, Sandro Silva, a alta dos preços administrados já era aguardada para outubro, porém em patamar um pouco menor. ?Nossa previsão era que a gasolina subisse 5%; com isso, a alta da cesta seria de 0,83%?, afirmou Silva, referindo-se à projeção feita com base na primeira semana de outubro. A questão é que, ao contrário do que se esperava, o preço da gasolina ainda não caiu. ?O preço atual está se mantendo há quase um mês?, afirmou, referindo-se ao último aumento nas bombas de Curitiba, que elevou o preço para R$ 2,559, conforme levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Para Silva, a queda pode ocorrer logo após o feriado de 15 de novembro.

Na comparação com setembro, o litro da gasolina ficou 6,39% mais caro, passando de R$ 2,331 para R$ 2,480, em média. O aumento se deve especialmente ao incremento da margem de lucro dos revendedores, que passou de R$ 0,163 por litro em setembro para R$ 0,322 no mês passado – alta de quase 98%. Na semana passada, o preço médio da gasolina era R$ 2,55, segundo a ANP.

A alta de 6,39% na gasolina em Curitiba foi a segunda maior entre as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese; só perdeu para Florianópolis, onde a alta foi de 9,44%. Na comparação com outras 30 cidades do Paraná, Curitiba tinha a sexta gasolina mais barata no mês passado. A mais cara foi encontrada em Paranavaí (preço médio de R$ 2,643) e a mais barata em Campo Mourão (R$ 2,386).

Álcool combustível

Apesar de não fazer parte da cesta de tarifas públicas pesquisada pelo Dieese-PR e Senge-PR, o álcool combustível também registrou aumento em outubro, de 7,83%. Com isso, o preço médio do litro passou de R$ 1,380 em setembro para R$ 1,488. A alta se deve basicamente ao aumento da margem de lucro dos revendedores, que passou de R$ 0,143 o litro para R$ 0,296, segundo a ANP.

Outros itens que tiveram variação de preço em outubro foram óleo diesel (queda de 0,33%), gás de cozinha (-0,19%) e transporte coletivo (-0,54%), devido ao maior número de feriados e a tarifa domingueira de R$ 1,00. Com essas variações, os serviços públicos para uma família curitibana custaram R$ 489,49.

Deflação

Além da gasolina, o único item que deve ter variação no preço até o final do ano é o pedágio, lembrou Sandro Silva. ?Mas o peso é muito baixo: cerca de 4,37% dos custos?, apontou. Com isso, a expectativa é que a cesta de tarifas públicas de Curitiba encerre 2006 com índice bem próximo a zero, ou mesmo com deflação – algo inédito na história recente da economia. Em 2002, quando a pesquisa de preços administrados começou a ser realizada na capital paranaense, as tarifas públicas fecharam com alta de 16,13%. No ano seguinte, houve um pequeno recuo e a variação foi positiva em 8,37%. Em 2004, houve alta de 13,68% e no ano passado fechou em 4,32%.

De acordo com o economista, o efeito indireto do câmbio foi o principal fator que ajudou a ?segurar? os preços administrados em 2006. ?A desvalorização do dólar impactou menos os índices de reajuste da telefonia, energia elétrica?, apontou. No caso da energia elétrica – que acumula queda de 7,26% em Curitiba no ano -, a política do governo federal em tirar o subsídio cruzado – clientes residenciais pagam mais do que os industriais – também contribuiu.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo