A redução no preço do gás natural para o setor industrial pode elevar o PIB (Produto Interno Bruto) do país em 0,5%. Essa é a principal conclusão de um estudo feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O trabalho foi encomendado pela Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia) e por organizações ligadas à indústria vidreira, ceramista e química.
O levantamento marca o lançamento do projeto +Gás Brasil, uma iniciativa cuja meta é convencer o governo a adotar medidas para tornar o gás natural um insumo industrial competitivo.
Segundo Fernando Garcia, coordenador do estudo, o estudo considerou uma redução de 50% no preço do gás natural para a indústria. Hoje, o insumo tem valor que varia entre US$ 14 e US$ 16 por milhão de BTU (unidade britânica que considera o poder calorífico do gás).
O trabalho considerou a hipótese de um corte de 50% na tarifa, fazendo que o gás natural seja negociado para a indústria ao preço de US$ 7 a US$ 8 por milhão de BTU. O efeito sobre o PIB seria a principal consequência da retomada de investimentos em projetos industriais com o uso do gás natural.
A estimativa da Fipe é a de que essa medida poderia elevar em pelo menos 1 ponto percentual a atual taxa de investimento sobre o PIB, também chamada tecnicamente de FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo). Hoje, essa relação do investimento global sobre o PIB está em 18%.
O próprio governo, em suas versões anteriores de política industrial, tentou elevar a taxa para 22% do PIB. A crise financeira internacional comprometeu esse plano.
O corte no preço do gás natural também ajudaria com a geração de empregos (0,3%, segundo a Fipe) e no controle da inflação (redução de 0,44% imediatamente após a adoção da medida.
Lobby
Todas essas consequências irão sustentar um novo esforço que a indústria fará para convencer o governo a adotar medidas de política industrial que deem competitividade ao gás natural.
Ao contrário de muitos países do mundo, como Japão, o Brasil dispõe de gás natural e de uma lei em que está prevista o uso do insumo como matéria-prima. O grande entrave para o desenvolvimento de uma indústria que utilize gás como matéria prima é o preço.
Com o valor de US$ 14 por milhão de BTU e sem uma garantia de fornecimento não há estímulo para projetos industriais no país.
Hoje, apenas 4% do gás distribuído no Brasil tem uso como matéria-prima industrial. O restante é usado como combustível. Há frações contidas no gás que poderiam ser convertidas em produtos tanto dentro da indústria química como na indústria petroquímica.
Sem esses investimentos, uma boa parte da demanda de produtos é importada.
Em 12 meses, a balança comercial da indústria química é deficitária em US$ 27 bilhões. Esse setor afirma que se o país tivesse gás ao preço mais competitivo esse déficit seria menor.
