As medidas do governo para conter a valorização do real, intensificadas a partir de outubro, diminuíram a volatilidade da moeda brasileira. Mas, em compensação, aumentaram os ganhos do investidor estrangeiro ao aplicar em taxa de juros no Brasil.
De novembro para cá, o real passou a oscilar menos até do que o euro em relação ao dólar. Vale lembrar que se trata das moedas das duas principais economias do mundo. Em tese, ativos de países estáveis flutuam menos do que os de nações emergentes. Além disso, na semana passada, o ganho no Brasil com o chamado carry-trade atingiu o maior nível desde pelo menos o início de 2010.
Carry-trade é uma conhecida operação no mercado global, em que o investidor toma dinheiro emprestado em um país com juro baixo e o aplica em outro com juro alto. Como a taxa brasileira é a mais polpuda do mundo (11,25% em termos nominais e 5,5% reais, cálculo que exclui a inflação), o País é destino preferencial dos especuladores.
Hoje, a rentabilidade do carry-trade, aqui, está em 10,51% ao ano. Em outubro, era de 8,50%. Parte desse aumento é explicada pela expectativa de altas da taxa básica (Selic). Na semana passada, o Banco Central (BC) a elevou em 0,50 ponto porcentual. Investidores esperam novos reajustes nos próximos meses.
A outra parte, conforme explica um operador, resulta das intervenções do BC no câmbio. Este mês, a autoridade monetária voltou a atuar no mercado futuro por meio dos chamados swaps cambiais.
Trata-se de um instrumento que equivale à compra de dólares. Segundo o operador, ao ofertar esses swaps, o BC fez crescer o diferencial entre a taxa de juros brasileira e a taxa de juros em dólares no País.