Gleneagles, Escócia (Das agências) – O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou ontem a decisão do G8 de aumentar em US$ 50 bilhões a ajuda oficial para o desenvolvimento dos países mais pobres. Em uma declaração lida diante das câmeras de tevê, na presença de todos os líderes do G8 e dos países africanos convidados, Blair comunicou também o fechamento de um acordo para conceder US$ 3 bilhões à Autoridade Palestina nos próximos anos. ?Isso pode não mudar o mundo a partir de amanhã. É apenas um começo e não um fim?, disse.

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Os líderes do G8 também se comprometeram a eliminar os subsídios às exportações agrícolas e convocaram um esforço renovado para concluir a nova fase de negociações da liberalização do comércio mundial, conhecida como Rodada de Doha, até o término do próximo ano.

O compromisso para o fim dos subsídios às exportações, exigido pelos países, em especial, os africanos, foi feito em um comunicado emitido pelo Grupo dos Oito em uma conferência no hotel de Gleneagles, na Escócia.

Ainda segundo o premiê, a cúpula do G8 terminou com sinais de um novo acordo na área de comércio, o perdão das dívidas dos países mais pobres, o acesso universal ao tratamento da aids e o comprometimento de uma nova força de paz para a África. Em contrapartida, os países africanos teriam que se comprometer com a democracia, boa governança e respeito à lei.

Ataques

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Em resposta aos ataques ocorridos nesta quinta-feira em Londres, Blair começou seu discurso dizendo que os integrantes do G8 estão apresentando uma política que contrasta com a do terror.

?Falamos aqui hoje, com a sombra do terrorismo sobre nós, mas isso não vai obscurecer o que viemos alcançar aqui?, disse o primeiro-ministro.

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Blair disse ainda que não existe esperança no terrorismo ?e é a esperança a alternativa para este ódio?.

?O objetivo do terrorismo é não apenas matar pessoas inocentes, mas de semear desespero, raiva e ódio nos corações das pessoas. Por meio da selvageria, ele coloca todas as políticas convencionais na escuridão, acaba com a dignidade da democracia e o processo correto, tudo com o impacto de massacre e terror.?

África

O acordo de ajuda à África foi bem recebido pelo presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo. ?O encontro dos líderes do G8 e dos líderes africanos é um grande sucesso?, afirmou ele.

A Nigéria foi um dos sete países africanos convidados a participar da cúpula do G8 em Gleneagles, na Escócia. O premiê não deu detalhe sobre o acordo de abatimento da dívida de países pobres assinado pelos G8, mas a expectativa é de que eles confirmem o compromisso de abater a dívida de 18 países e, possivelmente, de outros 9, caso eles consigam cumprir determinadas condições.

Em relação às discussões sobre mudança climática, o premiê disse:

?Nós não escondemos as divergências do passado, mas chegamos a um acordo sobre um plano de ação que irá dar inicio a um novo diálogo entre os países do grupo e as nações emergentes do mundo para diminuir e reverter as emissões causadoras do efeito estufa?.

Blair afirmou que esse diálogo terá início em uma conferência a ter início no dia primeiro de novembro na Grã-Bretanha.

Ajuda é sopro de esperança aos pobres

A promessa do G8 de aumentar em 50 bilhões de dólares a ajuda ao desenvolvimento, destinando metade desse valor à África, alem de perdoar a dívida multilateral dos 18 países mais pobres e de se comprometer a eliminar os subsídios agrícolas e abrir seus mercados representam um sopro de esperança para o Terceiro Mundo.

O empenho do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, de levar a pobreza para o centro da agenda do G8, no que definiu como um ?Plano Marshall para a África?, foi determinante para estes compromissos.

A imponente campanha na mídia que levou para as ruas milhares de pessoas com o slogan ?Eliminemos a pobreza? também parece ter influenciado a declaração do G8. Multidões que ocuparam estádios e praças públicas de todo o mundo dançaram ao som do Live8, os concertos organizados por roqueiros consagrados como Bob Geldof e Bono.

Os países em desenvolvimento, que há anos tentam derrubar os subsídios à agricultura dados pelos países ricos e vender seus produtos nos mercados desenvolvidos sem empecilhos, também podem ter motivos para esperança.

?Estamos comprometidos a reduzir substancialmente as subvenções que distorcem o comércio e melhorar substancialmente o acesso aos mercados. Também estamos comprometidos com a eliminação de todas as formas de subsídios à exportação (…) numa data viável?, diz o comunicado final.