Ao arrematar a reunião de cúpula de L’Aquila, na Itália, o G-8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo, mais a Rússia) decidiu na última hora aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 20 bilhões o seu desembolso para a África em programas de desenvolvimento da agricultura e de segurança alimentar. A elevação em US$ 5 bilhões para o combate à fome no continente africano foi proposta pelos Estados Unidos depois de um discurso no qual seu presidente, Barack Obama, comentou suas origens – seu pai era queniano – e os laços com a África. Os EUA foram os responsáveis por essa negociação que, até ontem, chegara ao total mais modesto de US$ 15 bilhões nessa ajuda.
O documento final do encontro entre o G-8 e a África prevê a injeção desses recursos em três anos. Mas não detalha a cota de cada membro do G-8 na coleta dos US$ 20 bilhões nem escalona quanto haverá de desembolso em cada um dos próximos três anos. O gesto diplomático foi celebrado. Mas, como outras decisões tomadas na cúpula de L’Aquila, deixou ampla margem para desconfiança sobre sua implementação, e alguma decepção. A organização não-governamental Ajuda em Ação informou à agência de notícias EFE que essa doação representa apenas um terço dos recursos necessários para acabar com a fome no mundo.
Para os emergentes, a maior decepção da cúpula foi a resposta negativa do G-8 para sua demanda de incorporação do Brasil, Índia, China, México e África do Sul (o G-5) e do Egito, para a formação de um foro mais representativo, o G-14. Outra frustração surgiu ao final do encontro do Fórum das Maiores Economias (MEF, na sigla em inglês), ontem, que não chegou a um acordo sobre as metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Esse acerto era esperado com ansiedade, dada a possibilidade de facilitar o processo de negociação em curso no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática e o Aquecimento Global, que culminará no encontro de dezembro, em Copenhague, Dinamarca.
Um dia antes, o G-8 havia concordado na definição do corte global de 50% das emissões até 2050 e acentuado sua percepção de que os países desenvolvidos deveriam se responsabilizar por 80% dessa redução – embora o grupo não tenha definido o ano-base para a meta. Ontem, o MEF limitou-se a concordar com o teto de 2 graus Celsius de aumento da temperatura global, em relação à média no período pré-industrial.