G-20 rejeita proposta para regular preços agrícolas

Em tempos de divergências crônicas no grupo dos 20 países mais ricos do mundo (G-20), os ministros de Agricultura do bloco, reunidos ontem em Paris, barraram um acordo concreto e adiaram a definição sobre a regulação das transações de commodities no mercado financeiro. O tema era o mais importante da agenda fixada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que exerce a chefia rotativa do bloco.

Apesar da indefinição, o encontro resultou em avanços: os ministros pregaram o aumento da produção agrícola mundial em 70% até 2050 e criaram um sistema de informações sobre safras, para combater a volatilidade dos preços. A reunião dos ministros, iniciada quarta-feira, se estendeu pela manhã de ontem. Ao término, o ministro da Agricultura da França, Bruno Le Maire, mostrou-se entusiasmado. “Nós chegamos a um acordo histórico”, afirmou. “Lançamos as bases de nova agricultura mundial, que será sustentável, solidária, na qual os mercados serão regulados.”

Entretanto, nenhuma medida concreta sobre temas como a regulação dos produtos derivativos das commodities agrícolas, um dos focos da especulação nos mercados financeiros, foi tomada. Questionado, Le Maire reiterou que houve acordo – inclusive com a participação do Reino Unido, o país mais reticente -, mas, de novo, não citou nenhuma medida aprovada pelo G-20. “Há um acordo para haver uma regulação financeira dos mercados agrícolas. É algo de novo”, reafirmou.

A decisão de que haja regulação – sem que uma proposta tenha sido definida – será enviada aos ministros de Finanças do G-20, que se reunirão em setembro, em Paris, e, então, vão poder tomar alguma decisão. “O texto prevê que nós transmitamos nossas decisões, a serem adotadas no quadro da regulação financeira mais global”, disse Le Maire. Apesar do adiamento da decisão, o ministro da Agricultura do Brasil, Wagner Rossi, viu avanços. “A regulação precisa ser levada ao fórum próprio, que é o dos ministros de Finanças do G-20. Foi um grande avanço colocar esse tema na agenda das próximas reuniões”, argumentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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