O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu aos líderes das 20 maiores economias do mundo (G-20) que trabalhem juntos para reformar a ordem monetária mundial. “Nós precisamos definir uma nova estrutura para discutir os movimentos no câmbio”, disse Sarkozy, acrescentando que é “sem sentido” falar sobre taxas de câmbio sem incluir a China, a qual acumulou enormes reservas em moedas estrangeiras.
Sarkozy disse que estabilizar o câmbio errático e os mercados de commodities serão o ponto forte na agenda francesa, quando o país passar a comandar o G-20 em novembro. Ele acrescentou que existe a necessidade de reduzir o domínio do dólar americano como moeda de reserva e pediu por um papel maior para as moedas alternativas.
Sarkozy falou a vários embaixadores para expor as prioridades da França às reuniões do G-20 e do G-8. A França começará a presidir o G-20 em novembro e sediará os encontros tanto do G-20 quanto do G-8 no próximo ano.
Sarkozy disse que uma melhor coordenação das políticas econômicas, com o objetivo de reduzir os desequilíbrios mundiais, é algo crucial para reduzir a volatilidade no câmbio. Outra maneira para obter uma melhor estabilidade no câmbio seria os países do G-20 tentarem evitar um acúmulo excessivo de reservas em moedas estrangeiras, principalmente no caso dos países emergentes, ele afirmou.
A Coreia do Sul, que atualmente comanda o G-20, pressiona pela instituição de mecanismos de segurança financeira, com o objetivo de evitar fugas maciças de capital, como as vistas nos países emergentes durante a recente crise financeira e as crises na Ásia no final da década de 1990. Isso envolve o fortalecimento de alguns mecanismos existentes de seguros do Fundo Monetário Internacional (FMI), para evitar que os países emergentes acumulem reservas excessivas em moedas estrangeiras, o que os protegeria contra potenciais crises financeiras. Isso, por sua vez, contribuiria para a estabilidade monetária.
Sarkozy disse querer que o G-20 aprofunde o trabalho sul-coreano, quando a França passar a comandar o grupo, e acrescentou que o G-20 deveria também examinar a maneira de permitir aos países que são muito dependentes de fluxos externos de capital a “regulamentarem temporariamente seus mercados de capitais” em tempos problemáticos.
Sarkozy disse não defender uma volta ao sistema monetário global baseado em taxas fixas, que existiu antes do acordo de Bretton Woods. Mas ele sugeriu que uma conferência de especialistas poderá acontecer, possivelmente na China, para discutir o futuro do sistema monetário sem “tabus”. “Desde os anos 1970, nós temos vivido em um sistema monetário internacional não existente”, ele ressaltou. A monitoração das taxas globais de câmbio foi até agora feita pelo grupo dos sete países mais industrializados, que não inclui a China. Sarkozy acrescentou que o sistema monetário global precisa ser mais multipolar e não se apoiar apenas no dólar americano como a principal moeda de reserva no mundo.
Outro foco na liderança francesa do G-20 será o fortalecimento da supervisão dos mercados mundiais de commodities. Sarkozy disse querer que o G-20 observe a maneira que os mercados de commodities trabalham e perguntou: “Por quê nós deveríamos regulamentar apenas os mercados de derivativos na esfera financeira? Estender a regulamentação às matérias-primas é possível e desejável. Dessa maneira limitaremos a especulação”. As informações são da Dow Jones.