G-20 e FMI alertam para riscos na economia mundial

Os governos conseguiram reduzir significativamente os riscos de curto prazo para a recuperação da economia mundial, mas os riscos de médio prazo continuam elevados, a agenda de reformas não foi concluída e a recomendação é de que os países permaneçam vigilantes. Este é o alerta do relatório “Perspectivas Globais e Desafios Políticos”, divulgado nesta quinta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo.

Os governos agora têm o grande desafio de passar de um cenário de relativa estabilidade para outro de maior crescimento das economias. Algumas recomendações políticas são discutidas no relatório, que nota que os governos terão de fazer escolhas difíceis pela frente. Por exemplo, uma reforma do sistema financeiro é essencial e urgente, mas mudanças muito rápidas podem afetar os bancos e a recuperação da economia. Muitos bancos ainda precisam ser reestruturados e/ou recapitalizados, sobretudo na zona do euro, ressalta o FMI.

Outra recomendação é o ajuste nas contas dos governos, que também vai exigir decisões difíceis. As finanças públicas precisam ser saneadas, mas o ritmo como isso terá de ser feito também pode afetar a atividade econômica e deve ser levado em conta. “O aperto fiscal deve continuar em um ritmo que preserve a recuperação”, ressalta o relatório.

Já as políticas monetárias “ultraacomodatícias” dos países desenvolvidos devem permanecer como estão, pois são apropriadas neste momento, mas os governos precisam considerar os riscos e efeitos colaterais indesejados, ressalta o FMI e o G-20. Entre estes efeitos está o aumento dos fluxos internacionais de capital e o endividamento excessivo das empresas em meio aos juros muito baixos nos países desenvolvidos.

Para os países emergentes, o FMI e o G-20 fazem um alerta de que essas políticas monetárias dos países desenvolvidos criam vulnerabilidades e eles precisam ficar alertas, construir proteções e estar propensos a recalibrar políticas econômicas em meio aos crescentes fluxos internacionais de capital.

Além dessas recomendações, o documento faz um sumário do que foi discutido na reunião de primavera do FMI e Banco Mundial e no encontro ministerial do G-20, que terminou no domingo em Washington. Uma das principais conclusões é de que o mundo cresce hoje a três velocidades. Os emergentes se expandem com mais força, alguns países desenvolvidos se recuperam e a zona do euro está em marcha à ré.

A zona do euro, aliás, é novamente citada como a região mais problemática do mundo em termos econômicos, como já foi alertado na reunião de primavera. O mercado financeiro da região permanece frágil, com a confiança dos investidores vulnerável, em meio a bancos ainda com problemas, crédito restrito e uma situação política complicada na Itália e um futuro ainda incerto para Chipre.

Além da zona do euro, as questões fiscais dos Estados Unidos são outro risco que pode atrapalhar a recuperação dos países. O relatório desta quinta-feira, 25, alerta para o fato de que fracasso em elevar o teto da dívida pública norte-americana e o corte automático de gastos do governo devem afetar a atividade econômica do país.

A situação pode ficar ainda mais séria nos Estados Unidos caso a confiança de Wall Street nos políticos ficar abalada em meio ao impasse para decidir sobre questões fiscais, alerta o documento. “Um possível fracasso em elevar o teto da dívida mais tarde neste ano pode ser muito prejudicial à economia global.”

Pelo lado positivo, os EUA podem surpreender e crescer mais do que o esperado. O Japão é outro país que precisa resolver seus problemas fiscais, destaca o documento, que elogia a decisão do governo de estimular o crescimento via compra de ativos no mercado financeiro.

Para os mercados emergentes, o tom é mais positivo e o documento cita a recuperação prevista do Brasil, que deve crescer 3% este ano, depois de se expandir apenas 0,9% em 2012. Um dos riscos para estes países é o aumento da inadimplência dos bancos, em meio ao forte crescimento do crédito, e das dívidas corporativas.

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