O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, começou neste sábado uma viagem oficial a Israel com dois objetivos: entregar uma carta-convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o presidente de Israel, Moshé Katsav, e o primeiro-ministro Ariel Sharon para visitarem o Brasil, e incentivar o comércio bilateral e a cooperação tecnológica. A visita procura selar uma reaproximação entre Brasília e Jerusalém. Mas na avaliação da diplomacia israelense, há poucas chances de Sharon ir ao Brasil em breve. Katsav já manifestou vontade de visitar o País, mas não confirmou uma viagem.
A cúpula realizada no Brasil entre países sul-americanos e árabes, realizada em maio, provocou ?desconforto? no relacionamento, segundo fontes diplomáticas israelenses. O governo israelense sentiu-se preterido pelo Brasil. A declaração final do encontro, que deixou de condenar o terrorismo palestino e fez críticas às políticas de Israel, foi interpretada pela diplomacia israelense como fruto de influência da Liga Árabe.
?O enfoque da visita é comercial, mas também tem um caráter político?, disse o ministro. ?Vim trazer também uma manifestação concreta do apreço do Brasil ao Estado de Israel e à comunidade judaica brasileira, que ocupa posições importantes na economia e na sociedade brasileira?, acrescentou.
A agenda de Furlan inclui também encontros com Katsav e com Sharon, mas a reunião com o premiê ainda não foi confirmada.
A delegação brasileira, formada por empresários e políticos, se reunirá com representantes de indústrias israelenses de aeronáutica, alimentos e farmacêutica. Os brasileiros também visitarão os principais institutos de pesquisa de Israel. Um dos objetivos de Israel na aproximação com o Brasil é usar a influência do país para formar acordos de livre comércio com o Mercosul, na mesma linha da aproximação comercial da América do Sul com os árabes.
Quando esteve em Israel, o chanceler Amorim prometeu levar o assunto para debate no bloco, que aprovou a abertura de negociação com os israelenses. Mas Furlan disse que o tema não será prioritário durante a missão.
Furlan também pretende negociar a formação de um fundo binacional para desenvolvimento tecnológico. ?Queremos aplicar a experiência de Israel na fomentação de pequenas indústrias de alta tecnologia?, disse o ministro.
Segundo Furlan, outros temas importantes da viagem são informática, automação, biocombustíveis, indústria aeronáutica e de remédios genéricos.
A delegação planejou uma visita à empresa israelense Teva, uma das maiores produtoras de medicamentos genéricos do mundo, com vendas de US$ 4,8 bilhões em 2004.
O saldo no comércio com Israel foi negativo para o Brasil nos primeiros seis meses de 2005, em US$ 71,7 milhões. Israel, que tem 6,8 milhões de habitantes, absorveu somente 0,22% do total de vendas brasileiras ao exterior. Já o Brasil exportou US$ 116,1 milhões para Israel e importou US$ 187,8 milhões no período.
O comércio entre os países de janeiro a junho totalizou US$ 303,9 milhões, 6,5% superior ao valor do mesmo período de 2004 (US$ 285,4 milhões), segundo números fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento do Brasil.
No ano passado, o comércio entre Brasil e Israel movimentou US$ 702,2 milhões.
O Brasil exporta principalmente carne, produtos animais e vegetais e metais para Israel. E importa itens químicos, eletrônicos, equipamentos médicos e de segurança.
Segundo o ministério brasileiro, a movimentação comercial com países árabes chega a US$ 8 bilhões e tem potencial para atingir US$ 15 bilhões nos próximos três anos.