O ex-ministro Luiz Fernando Furlan, copresidente do Conselho e Administração da BRF Brasil Foods, disse hoje que a demora do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em aprovar a fusão entre Perdigão e Sadia que criou a gigante brasileira de alimentos está atrasando o plano de investimentos da companhia. Furlan afirmou que a empresa trabalha num plano estratégico com investimentos até 2015, mas aguarda a definição do Cade para desencadear os projetos. Ele disse que o plano foi concebido dentro da expectativa de que a fusão seria aprovada em um ano, mas o processo se arrasta há 15 meses.
“Estamos trabalhando no nosso plano estratégico para 2015, estamos prevendo uma série de investimentos e melhorias, mas uma parte dessas decisões vai ficar aguardando a finalização do processo do Cade”, afirmou Furlan, na tarde de hoje, depois de participar do Fórum Especial com candidatos à Presidência, no Rio. Além disso, disse Furlan, a consequência da demora no processo faz com que a empresa tenha poucos ganhos com sinergias.
Para ele, a empresa poderia aumentar sua competitividade com a definição da fusão. “Isso poderia fazer com que essa melhoria fosse repassada ao consumidor. No campo internacional, poderia minimizar o impacto da valorização do real. Como temos que levar as duas companhias em paralelo, estamos ainda capturando uma pequena parte das sinergias”, afirmou.
Furlan não quis citar os investimentos adiados pela BRF, mas incluem planos no exterior. “Imaginamos que, dependendo do andamento do Cade, vamos poder acelerar, uma vez que a empresa fez um processo de capitalização. Tinha também capacidade disponível de investimentos anteriores. Mas principalmente no campo da expansão internacional, nós estamos aguardando”, disse.
Furlan disse também que a insegurança em relação ao processo no Cade está gerando uma perda de quadros da companhia. “Já perdemos cerca de 20 executivos porque o mercado tem procurado e as pessoas, nessa indecisão, acabam aceitando propostas”, lamentou Furlan.