Foto: Allan Costa Pinto

Luiz Fernando Furlan: não confundir economia com governo.

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O empresário e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem em Curitiba que o Brasil possui importantes características que o faz resistir à crise no mercado internacional. Ele disse ainda que o país deve resolver seus problemas aqui dentro mesmo, sem se preocupar com os fatores externos.

O ex-ministro veio para a capital paranaense a convite da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Na noite de ontem, ele proferiu uma palestra sobre Globalização e Turbulência Internacional. Antes disso, Furlan concedeu entrevista coletiva aos jornalistas no Cietep (Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná).

?Não temos dívida externa líquida, nossa inflação é baixa, geramos superávit da balança comercial e somos detentores de reservas de matérias-primas valorizadas no comércio mundial. Tudo isso dá ao Brasil uma boa cobertura para a crise norte-americana. A previsão é que o superávit este ano chegue a 20 bilhões de dólares?, analisou Furlan. Mas segundo o ex-ministro que participou do primeiro governo Lula, é preciso tomar atitudes (algumas até já estão em andamento) para que o Brasil cresça por si só, como por exemplo a reforma tributária e a redução do custo financeiro e da burocracia nas empresas. ?É preciso flexibilizar a carga tributária, principalmente para o setor de serviços, para que o Brasil seja mais competitivo. O nosso país é um bom risco para os investidores internacionais?, afirmou.

Furlan também analisou alguns temas que têm mexido com a economia brasileira, como o câmbio (o valor baixo do dólar), o crescimento do crédito, exportações, inflação e juros. Com relação à política do governo atual, Furlan disse que não se deve confundir a economia do país com o governo, ou seja, que a economia deve caminhar com suas próprias leis, independentemente das questões políticas. ?Temos exemplos de países que continuam caminhando mesmo sem a aprovação do orçamento, por exemplo?, disse.

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A grande oferta de crédito, por sua vez, não representa perigos para o Brasil, na opinião de Furlan. ?O risco de inadimplência é muito pequeno, pois não estamos fazendo transações que possibilitem isso. No setor imobiliário, por exemplo, grande parte dos créditos são financiados pela Caixa Econômica, que tem subsídios. Então não vejo riscos. Se a economia está indo bem, não há problemas com a oferta de crédito?, disse. Sobre a política cambial, a inflação e os juros, Furlan não vê grandes perspectivas de mudanças para este ano. ?Com relação ao câmbio, penso que as empresas vão ter que buscar competitividade interna, não confiando na desvalorização do real?, afirmou.

No que se refere às exportações, Furlan lembrou que é normal que no início do ano elas sejam mais fracas, mas que a partir de abril a tendência é melhorar. A greve dos auditores fiscais da Receita Federal também foi lembrada pelo empresário, o que vem retendo exportações no país. ?Talvez se tomássemos outras medidas, como mais crédito, mais financiamento e abertura de mercados melhoraria a situação?, analisou. 

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