Com a adesão, neste domingo, 16, dos trabalhadores da plataforma de Merluza, na bacia de Santos, todas as plataformas da base do litoral paulista estão em greve, informou ao Estadão/Broadcast o coordenador da Federação Nacional do Petroleiros (FNP), Adaedson Costa.

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Ele disse não acreditar nas informações da Petrobras de que não está havendo redução de produção por causa do movimento, principalmente por se tratar da produção na região do pré-sal, que vem garantido mais da metade do petróleo extraído pela companhia. “A produção não para com a greve, mas diminuiu. A Petrobrás mente. Foi assim também em 2015 e depois, no relatório anual, teve que confessar o prejuízo”, acusa o sindicalista.

Na sexta-feira, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a estatal não deixou de produzir nenhum barril de petróleo por causa da greve, iniciada no dia 1º de fevereiro, e que a produção permaneceria intacta nas mãos das equipes de contingência e contratações temporárias. A empresa não informa, no entanto, quantas e quais contratações foram feitas e o número de empregados das equipes de contingência.

Em 2015, uma greve que durou 27 dias reduziu em 5% a produção anual de petróleo da companhia, ocasionando um prejuízo de cerca de R$ 300 milhões. Na época, os acionistas já haviam sido alertados de que a Petrobrás não poderia garantir que greves como essas não iriam ocorrer durante futuras negociações, principalmente diante de planos de desinvestimentos.

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“Greves, paralisações ou outras formas de agitação laboral na companhia ou nos seus principais fornecedores e empreiteiros podem prejudicar a capacidade de completar grandes projetos e impactar os objetivos de longo prazo da Petrobras”, informou a estatal em seu Formulário de Referência 2015.

Na época, a companhia já estimava perder até 12 mil funcionários do Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PDV), e que não havia garantia de que a empresa seria “capaz de treinar, qualificar ou reter adequadamente o pessoal de gestão sênior, nem que conseguirá encontrar novos gerentes qualificados, caso haja necessidade. Isto poderá afetar negativamente os resultados operacionais e os negócios da companhia”, dizia o documento.

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Costa lembra que a empresa tinha 68 mil empregados em 2015 e hoje trabalha com 53 mil, o que afeta ainda mais as operações nos momentos de greve.

Adesão de 20 mil trabalhadores

Segundo a FNP, a Petrobras tentou contratar temporariamente ex-funcionários aposentados, como vem tentando fazer o governo federal em outras estatais, mas não obteve sucesso.

Em greve desde o dia 1º de fevereiro, o movimento dos petroleiros deste ano contabiliza a adesão de mais de 20 mil trabalhadores de 58 plataformas, 11 refinarias, 23 terminais, 7 campos terrestres, 7 termelétricas entre outras unidades, segundo os sindicatos da categoria. A paralisação foi motivada pelas demissões na fábrica de fertilizantes Fafen-PR e discordância em relação aos desinvestimentos da companhia, além da exigência do cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que segundo os sindicalistas, estariam sendo desrespeitado pela atual gestão.

Merluza era a última no litoral paulista que não tinha aderido. Produtora de gás natural, a unidade é fixa e está instalada a cerca de 180 quilômetros da costa de Praia Grande (SP) e escoa a produção através de um gasoduto de 215 quilômetros de extensão que liga a plataforma até a unidade de gás natural localizada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP).

Costa avalia que não deverá faltar derivados no mercado pela possibilidade de importação e pelo fraco crescimento da economia. Ele alerta, no entanto, que o movimento não para de crescer e esta semana ganhará mais força com a paralisações dos caminhoneiros.

Em nota, a Petrobras voltou a repetir que “as unidades seguem operando em condições adequadas de segurança, com equipes de contingência formadas por empregados que não aderiram à greve, e contratações temporárias autorizadas pela Justiça. Não há impacto na produção até o momento”.