Fundos já perderam R$ 7,6 bilhões com a crise

Os fundos de investimento brasileiros já amargam perdas de R$ 7 6 bilhões desde o início da crise nos mercados financeiros internacionais, de acordo com dados do site Fortuna, que acompanha o setor. Considerando apenas a rentabilidade, entre os dias 23 de julho e 14 de agosto, os portfólios de ações registraram queda de 9,4%, o que representa R$ 6,5 bilhões, enquanto os multimercados apresentaram prejuízo de R$ 2,5 bilhões, ou 1,4%.

Curiosamente, o estopim para as perdas na indústria de fundos não ocorreu em nenhuma das duas categorias, consideradas mais arriscadas, e sim nos fundos de renda fixa pré-fixados, segundo o diretor do Fortuna, Marcelo d’Agosto. Logo no início da volatilidade nos mercados, esses produtos tiveram fortes saques, o que levou os gestores a venderem títulos para honrar os resgates.

"Como esse mercado não tem liquidez, os preços dos papéis pré de longo prazo despencaram, o que acabou afetando os multimercados, que também tinham exposição nesses títulos", analisou. Nos últimos 20 dias, a saída nos fundos de renda fixa pré-fixados totalizou R$ 2,4 bilhões, o equivalente a 16% do patrimônio total dessas carteiras.

Apesar da perda recente, a indústria de fundos continua captando recursos. Os fundos de ações destinados ao público de varejo registram entrada de R$ 611 milhões no período e os multimercados, de R$ 1,8 bilhão, conforme os dados do Fortuna. Os portfólios mais conservadores apresentaram resgates de R$ 3,3 bilhões, em uma tendência verificada desde o início do ano, por conta da redução da taxa básica de juros, observou D’Agosto.

Ele avaliou ser cedo para determinar se haverá uma reversão desse cenário, embora o fluxo positivo para os produtos mais arrojados tenha diminuído nos últimos dias. "Mas isso é normal. Ninguém coloca dinheiro em fundo que está perdendo", observou.

Maiores perdas

Os fundos de investimento multimercados comandados por ex-integrantes do Banco Central aparecem entre os maiores perdedores desde o início da crise nos mercados financeiros internacionais, de acordo com dados do site Fortuna. Esses portfólios são freqüentemente apontados como os "hedge funds" brasileiros, que assumem posições mais arrojadas em busca de maiores retornos relativos.

Entre os dias 23 de julho e 14 de agosto, o fundo Luxor, administrado pela Opportunity Asset Management, amargou perdas de R$ 95 milhões, ou 12,15%, a maior entre os multimercados classificados como não-exclusivos. Recentemente, o ex-diretor de Política Econômica do Banco Central Afonso Bevilaqua assumiu o comando da instituição.

Também figura na lista das maiores perdas entre os multimercados o fundo da Mauá, gestora de recursos do também ex-diretor do BC Luiz Fernando Figueiredo, que registrou desvalorização de R$ 77 8 milhões, ou 5,46%, no mesmo período. O Gávea Brasil, do ex-presidente do BC Armínio Fraga, acumula uma queda de R$ 55 milhões, o equivalente a 3,46%.

Entre os fundos administrados por bancos de varejo, aparece apenas o Santander, cujos portfólios Alpha e Estratégia apresentam desvalorização de 3,7%. Somados, os dois produtos perderam R$ 138 milhões desde o início da crise.

Apesar da desvalorização recente, apenas os fundos do banco espanhol apresentaram saques mais intensos até o momento. No entanto, a maior parte dos "hedge funds" possui carência para resgate, o que pode ter freado o movimento.

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