Os fundos de private equity, que compram participação em empresas, reduziram os investimentos no Brasil no primeiro trimestre, mas pela primeira vez em três anos aumentaram as captações de recursos, de acordo com dados da Emerging Markets Private Equity Association (Empea), associação com sede em Washington que reúne 320 gestoras que aplicam em países emergentes.
Os dados da Empea são os primeiros números de 2014 e mostram redução de 12% nos investimentos dos private equities no Brasil no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, somando US$ 135 milhões. Já a captação de recursos no período cresceu 140%, para US$ 206 milhões.
Com o maior apetite por risco e a relativa menor volatilidade no mercado financeiro mundial, a expectativa é de que as captações dos fundos sigam crescendo este ano. O BTG Pactual, por exemplo, planeja captar US$ 1,5 bilhão para seu terceiro fundo de private equity.
Vários fatores, segundo uma pesquisa da Empea com gestores globais, têm contribuído para a redução dos investimentos no Brasil. No ano passado, eles já tiveram queda de 40%, atingindo o menor nível desde 2009. O principal deles é que o País tem ativos considerados caros, por causa da alta competição com vários fundos globais se instalando no mercado local. Além disso, os gestores citam preocupações com mudanças regulatórias e de regras e o baixo crescimento econômico como fatores que contribuem para a maior cautela com o País na hora de aportar recursos.
Diversificação
Um estudo da Bain & Company mostra que os private equities, depois de terem investido muito nos grandes mercados, incluindo Brasil, China e Índia, desde a crise financeira mundial, vêm, mais recentemente, diversificando as apostas e investindo em outros países emergentes, com perspectiva maior de expansão econômica, como os da África Subsaariana, e outros mercados da América Latina, como Colômbia, Peru e Chile.
Os dados da Empea mostram que os investimentos dos fundos cresceram 46% no primeiro trimestre, para US$ 5,6 bilhões.
Mas o mau humor com o Brasil dá sinais de mudanças e a expectativa é de que as captações dos fundos este ano sigam a tendência do primeiro trimestre e continuem em alta, o que pode representar aumento dos investimentos no futuro. O estudo da Bain & Company cita que 40% dos investidores pretendem começar a investir ou aumentar as aplicações no País nos próximos dois anos.
As captações vinham caindo no Brasil, sobretudo, porque os fundos já tinham muitos recursos em caixa nos últimos anos e, em meio à redução do ritmo de investimentos, não precisavam de mais dinheiro.
Em 2013, elas recuaram 64% na comparação com o ano anterior. Na avaliação do gestor de um fundo ouvido pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, um dos fatores que levaram ao aumento das captações no primeiro trimestre foi a melhora do cenário para os emergentes, depois que a mudança da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ficou mais clara e os investidores passaram a apostar em uma alta de juros nos Estados Unidos apenas em 2015. Com isso, o apetite por risco aumentou, fazendo os fluxos de capital para os emergentes subir a partir de março.
A pesquisa da Empea mostra que os gestores estão, no geral, mais otimistas com os países emergentes: 41% planejam aumentar as aplicações nestes mercados nos próximos dois anos. O número é maior que os 31% que fizeram a mesma afirmação em pesquisa feita em 2013. Na lista de países preferidos para investir, o Brasil subiu uma posição no ranking da Empea, do sexto lugar no ano passado para a quinta posição este ano. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo