O saldo dos investimentos em fundos ficou negativo em 2002. Números da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que a fuga destas aplicações alcançou R$ 61,52 bilhões. A categoria mais afetada foi a dos fundos DI, que viu uma fuga de R$ 28,40 bilhões. Em segundo lugar, ficaram os fundos de renda fixa, com resgates totais de R$ 28,17 bilhões.
A sangria de recursos nas duas categorias começou no fim de maio passado, quando o governo estabeleceu novas regras para calcular o valor dos títulos que integram a carteira dos fundos, a chamada marcação a mercado. A nova forma de contabilização provocou perdas e os investidores, assustados, decidiram sacar os recursos, em um movimento que se espalhou por outras categorias de aplicação.
Os fundos mistos, por exemplo, que aplicam recursos nos mercados de juros, bolsa e câmbio, também perderam, acumulando resgates de R$ 4,63 bilhões no ano passado.
Para se ter uma idéia do tamanho das perdas, a fuga nas aplicações de fundos somou apenas R$ 4,53 bilhões em 2001. Já em 2000, o ano foi de bons resultados: a captação ficou positiva em R$ 29,62 bilhões.
Mas se o setor decepcionou quando o assunto é captação, há categorias que não fizeram feio em termos de rentabilidade. Um bom exemplo são os fundos DI e de renda fixa. Depois do primeiro impacto da marcação a mercado, eles conseguiram se recuperar e encerraram o ano com rentabilidade de 17,49% e 16,52%, respectivamente. É um resultado similar ao de 2001.
? Depois de saques de cerca de R$ 70 bilhões na indústria (de fundos), o segmento conseguiu se recuperar e quem manteve os recursos aplicados encerrou o ano com resultado positivo ? avalia Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC Investment Bank.
Para Francisco Corrêa da Costa, sócio da GAP Asset Management, os investidores que migraram para poupança e CDBs, diante do cenário mais tranqüilo, devem voltar para os fundos de investimento:
? O ano que vem deve marcar a volta dos investidores aos fundos.
Uma aplicação que surpreendeu em 2002 foram os fundos multimercado. Eles renderam entre 24% e 34% (segundo a categoria), aproveitando boas oportunidades nos mercados de juros, bolsa e câmbio.