Após dois meses no azul e na liderança do ranking de investimentos financeiros, a Bovespa fechou maio em queda. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), principal termômetro do mercado acionário brasileiro, caiu 0,75% no mês, acumulando queda de 6,21% em 12 meses.

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O último mês que a Bolsa havia fechado no vermelho fora em fevereiro, com queda de 1,41%. Em março e abril, na contrapartida, apresentou alta de 7,05% e 2,41%, respectivamente. “Houve o efeito da queda de preço do minério de ferro. Além disso, ficamos um pouco aquém pelo crescimento fraco do PIB, o que tem atrapalhado a agenda política”, diz Fabio Colombo, administrador de investimentos.

Para ele, no entanto, a oscilação é um movimento natural do mercado e não deve romper o ciclo de recuperação da Bolsa. “O que importa é a tendência no médio prazo”, afirma.

No topo do ranking ficaram os fundos de renda fixa, com alta de 0,81%, e os fundos DI, com 0,68%. A renda fixa também lidera a rentabilidade no ano, com 3,72%. “Os fundos já estão já estão subindo há bastante tempo por causa do ciclo de alta dos juros, e se destacaram nos últimos meses pelo mau desempenho de outros ativos”, diz Alexandre Chaia, professor da pós-graduação em Finanças do Insper. “Apesar da tendência de estabilização da Selic, o patamar dos juros ainda está muito alto; creio, então, que todos os ativos de renda fixa devem continuar com uma grande demanda.” Na quarta-feira, o Banco Central manteve a taxa Selic em 11% ao ano, rompendo o ciclo de alta iniciado em abril de 2013.

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Colombo pontua, no entanto, que os fundos possuem taxa de administração e incidência do imposto de renda, o que diminui sua rentabilidade. “Levando em conta a inflação, ainda é um investimento pequeno”, diz.

Incerteza

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O instável cenário internacional e doméstico, somado às expectativas de um ano eleitoral, gera incertezas no mercado e dificulta a obtenção de ganho real nos investimentos, dizem os especialistas.

Para eles, uma saída é se proteger da inflação. “O que tem mais chance de ganho real hoje são as NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – série B)”, diz Colombo. “O problema é a marcação a mercado e a oscilação dos preços. Quem não se assusta e não mexe na aplicação, pode ter um bom ganho no médio e longo prazo”, diz. Para o mês de maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – a prévia da inflação oficial do País – teve alta de 0,58%. Em 12 meses, a alta acumulada é de 6,31%.

O dólar comercial teve alta de 0,27% em maio, apesar de ter estado em queda boa parte do mês – o caminho contrário da Bolsa, que seguiu em alta e fechou o mês no vermelho. No ano, porém, a moeda americana acumula queda de 4,92%. “Ainda há muita chance de o dólar apresentar um movimento de queda”, diz Chaia. “Tudo vai depender do investimento estrangeiro direto, mas estamos num cenário instável de Copa, muitas manifestações e eleições”, diz. Na lanterna aparece o ouro, com queda de 1,58% em maio. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.