Os fundos de ações e multimercados representaram 84% da captação da indústria de fundos no primeiro trimestre deste ano, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). De janeiro a março, a captação total foi de R$ 49,9 bilhões – menos da metade, no entanto, do observado no mesmo período do ano passado, quando chegou a R$ 109,9 bilhões.
Apesar da queda, a Anbima destaca que essa foi a segunda maior captação para o período dos últimos quatro anos.
Os fundos multimercado, grande destaque do trimestre, funcionam como uma cesta de ativos e misturam, em um mesmo pacote, diferentes produtos, como títulos de renda fixa, ações, moedas e até commodities. Em 2017, eles foram a pérola da indústria de fundos, com captação de R$ 101 bilhões, com os investidores buscando apostas um pouco mais arriscadas que a renda fixa.
“A expectativa do mercado é que, com o nível a ser atingido pela taxa básica de juros (Selic) – atualmente em 6,5% ao ano – e sua permanência em patamares baixos por um período razoavelmente prolongado de tempo, deveremos continuar tendo um resultado positivo de captação em ações e multimercados”, destacou, em teleconferência, o vice-presidente da Anbima, Carlos André.
Segundo ele, os investidores já começam a fazer migração dos fundos diante do atual cenário.
De janeiro a março, os fundos multimercado foram os que mais captaram, com uma entrada líquida de R$ 33,3 bilhões. Já os fundos de ações registraram captação de R$ 8,8 bilhões, e os fundos de previdência, de R$ 3,7 bilhões no período.
A queda das taxas de juros no Brasil, agora na mínima histórica de 6,5% ao ano, fez cair a captação dos fundos de renda fixa, que têm seus retornos balizados pela taxa Selic. A captação dessa categoria no primeiro trimestre foi de R$ 5,8 bilhões. Em igual período de 2017, esses fundos haviam arrecadado R$ 73,3 bilhões.
André frisa que esse primeiro trimestre do ano mostra tendência positiva para a captação dos fundos de ações, que no período superou o de renda fixa, mostrando mais apetite do investidor por risco em busca de retornos maiores. “Acredito que essa foi a primeira vez em que isso ocorreu.”
Cenário externo
O executivo da Anbima disse que o risco externo aumentou nas últimas semanas, mas que o ambiente ainda é considerado benigno. Segundo ele, há sincronismo de crescimento da economia de importantes países.
Somado a isso, a percepção é de que a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos não deve ocorrer de forma diferente daquela esperada pelo mercado – as apostas são de três ou quatro altas dos juros nos EUA até o fim do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.