O fundo saudita controlador da Red Sea Housing se uniu à família Gontijo para fechar o capital da construtora mineira Direcional Engenharia, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O fundo irá financiar a oferta com R$ 700 milhões (US$ 225 milhões) para a família, que é fundadora da companhia, prosseguir com a operação.

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A oferta pública de aquisição (OPA), conforme as mesmas fontes, oferecerá R$ 9 por ação – correspondente a um prêmio de quase 60% sobre a cotação da segunda-feira, 9, dos papéis, de R$ 5,67, e pode ser anunciada ainda neste mês. Se confirmada a operação, o fundo e a família dividirão o controle da Direcional com uma fatia de 50% cada. O acordo marcará a entrada do fundo saudita no Brasil.

Procurada, a Direcional negou as negociações. Em comunicado, afirmou que consultou sua acionista controladora Filadelphia Participações, bem como seus respectivos administradores e acionistas controladores diretos e indiretos, que asseguraram não haver nenhuma negociação em curso visando ao fechamento do capital. Já o Red Sea não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento da edição desta quarta do jornal.

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De acordo com pessoas próximas à empresa, as conversas entre o Red Sea e a família Gontijo se arrastam desde o ano passado e avançaram, em meio à desvalorização do real, que tornou os ativos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros. A operação anterior, negociada em dezembro, era um aumento de capital, no qual o fundo da Arábia Saudita ficaria com 25% da Direcional, pagando R$ 14,72 por ação.

A família possui 47,94% das ações em participações diretas e indiretas por meio de sua holding, segundo informações que constam no site da BM&FBovespa. “As partes estão esperando apenas o anúncio oficial da Fase 3 do Minha Casa, Minha Vida para finalizar o acordo”, diz uma fonte com conhecimento no assunto.

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Os controladores da Direcional chegaram a se reunir em Londres com o Red Sea, em 17 de dezembro e quase bateram o martelo sobre o aumento de capital. No entanto, fecharam apenas uma parceria, anunciada dia 1º de março, para construção de casas populares fora do Brasil que, posteriormente, pode virar uma joint venture.

Mudança

Com a subida do dólar e a queda das ações, porém, o custo da transação para os sauditas diminuiu e acelerou as conversas com a família mineira. “O preço atual de mercado equivale a um terço do que eles (Red Sea) estavam dispostos a pagar em dezembro. Com isso, mesmo que eles paguem um prêmio gordo na OPA (oferta pública de ações), vai sair muito mais barato do que antes”, diz a fonte. Neste ano a ação da Direcional acumula queda de mais de 30%. No outro sentido, o dólar se valorizou cerca de 10% em relação ao real.

Um gestor de recursos lembra que o funding para empresas do setor de construção, principalmente no nicho da Direcional – obras ligadas a programas governamentais – ficou mais caro por conta da deterioração da economia brasileira e os desdobramentos da Lava Jato. Isso tornou a empresa um “alvo fácil” para aquisição ou associação. “Com certeza, no momento que os árabes entrarem, vão fechar capital”, acrescenta.

Desde meados de 2014, segundo outra fonte, foi feita uma due diligence (auditoria) na empresa. Os assessores da Direcional nesta operação são o Itaú BBA e o Souza e Cescon Advogados. Já do lado dos saudita, deram suporte o Citibank e o Pinheiro Guimarães Advogados. Trajetória. A Red Sea Housing, com mais de 25 anos de atuação, é um braço da Al-Dabbagh, gigante petrolífera da Arábia Saudita, ligada à família real, e já desenvolveu projetos em cerca de 60 países.

A Direcional, com sede em Belo Horizonte, atua em 12 estados do Brasil e tem foco em construções habitacionais para a população de menor renda como o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo brasileiro. No ano passado, seus lançamentos consolidados somaram R$ 1,654 bilhão, montante 36% menor que o registrado em 2013. A empresa entregou R$ 1,7 bilhão equivalente a 18.554 unidades. A Direcional divulga suas demonstrações financeiras de 2014 na próxima segunda-feira.

No momento, a Comissão de Valores Mobiliários analisa o pedido de OPA de cinco companhias: Souza Cruz, BHG, Banco Indústria e Comercial e SEB Participações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.