O mineiro Salim Mattar, fundador da Localiza, afirma que há uma “pequena onda” em formação entre os empresários, que estão mais engajados, conversando entre si “nos restaurantes, nas casas de amigos”. Ele diz que o governo Michel Temer é igual ao de Dilma Rousseff do ponto de vista moral, mas ressalva que “a parte mais sensível do corpo humano é o bolso” – e, por isso, o melhor a fazer agora é esperar as eleições.
Por que os empresários estão mais dispostos a se posicionar?
Os empresários fazem parte da sociedade, que se sente ludibriada e traída. Durante os 13 anos de governo do PT, o empresariado ficou em silêncio, porque existia medo de retaliação. Chegou Temer, nós colocamos fé e nos decepcionamos.
A decepção é com o quê?
Temos no Brasil uma democracia invertida, na qual os servidores se servem da sociedade. Essa democracia foi montada pelos donos do poder, que se protegem. Almejamos novo padrão político para 2018.
Temer é mais do mesmo?
No aspecto moral, é o mesmo do anterior. No aspecto econômico, está fazendo bom dever de casa. Repare que a economia se descolou da política.
Então, há um conformismo?
Empresário, diferentemente de sindicalista, não faz greve, não interrompe avenida, não queima pneu. O que podemos lançar mão para mudar o que está aí? Nós não vamos falar de Exército ou golpe de Estado. Não aceitamos isso. Somos cumpridores da lei. Então, temos de esperar a eleição.
Houve apoio do empresariado ao impeachment de Dilma…
Você tem um pouco de razão. Não se pode falar apenas de empresários, porque quem foi para a rua tirar a Dilma foi a sociedade. Essa sociedade também deu 50 milhões de votos ao Aécio. Imagina como essas pessoas estão com o que Aécio fez? Não sabíamos que ele era daquele jeito. É decepção atrás de decepção. A sociedade também é pragmática, não é só o empresário. Se tirar Temer, como vai ser? Vem Bolsonaro, Lula, Marina? Tem um ar de incerteza. E a parte mais sensível do corpo humano ainda é o bolso. Então, o cidadão pensa: são todos iguais, vou fingir que não estou vendo enquanto o pessoal organiza a economia que foi destruída.
Os empresários estão se movimentando porque precisam?
Estão mais ativos, conversando. O Brasil está nessa situação porque nunca foi liberal, está colhendo frutos de malfadadas tentativas socializantes. Na era PT, havia uns 15 institutos liberais – hoje, há mais de uma centena. Brota uma nova consciência. Não é que os empresários estão tendo reuniões noturnas, seitas. Eles conversam mais na sauna, nos restaurantes, com os amigos. Está começando uma pequena onda.
O senhor será candidato ao governo de Minas Gerais?
Não me preparei para deixar meus negócios, talvez na próxima. Estou há 31 anos apoiando institutos liberais. Atuação pública eu já tenho. Estou me preparando para, na hora oportuna, fazer minha doação indo para o governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.