Funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ameaçam entrar em greve, caso o governo federal não atenda as reivindicações da categoria.
Ontem, o atendimento no prédio da Gerência Executiva do INSS em Curitiba – entre as Ruas João Negrão e XV de Novembro -, que iniciaria às 7h30, só começou às 9h.
Segundo a categoria, o ato público foi um alerta ao governo federal para que as negociações sejam reabertas. Servidores do INSS de todo o País se reúnem amanhã, em Brasília.
?Nosso movimento não é contra a população. Pelo contrário: queremos melhorar o sistema previdenciário?, apontou Nelson Malinoski, diretor do Sindiprevs-PR, sindicato que representa a categoria no Estado.
Segundo ele, dos 50 funcionários lotados na Gerência Executiva, 45 aderiram ontem à paralisação. ?Apenas a chefia está lá dentro; a perícia médica também não parou?, afirmou Malinoski, acrescentando que paralisações semelhantes podem ocorrer em outros prédios do INSS em Curitiba. O movimento é nacional.
Reivindicações
Os servidores reivindicam a formulação de novas tabelas salariais. Segundo Malinoski, o salário inicial da categoria é R$ 2,2 mil e o final, R$ 4,4 mil. ?O salário inicial não é baixo. O problema é a falta de carreira, que deixa baixo o salário final?, apontou, lembrando que na Receita Federal o salário inicial é de R$ 7 mil e o final, R$ 11 mil.
Os servidores pedem ainda regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas semanais – segundo Malinoski, há tentativa de aumentar a jornada para 40 horas – e reestruturação do plano de carreira.
Eles são contra ainda a avaliação de desempenho – parte do salário estaria atrelada ao desempenho dos servidores. ?O governo quer implementar esta norma, mas não oferece condições de trabalho para isso?, criticou.
Outra insatisfação da categoria é o fato de não ter sido incluída na Medida Provisória 431, editada pelo governo federal no mês passado, que readequou as tabelas salariais para 800 mil servidores públicos.
?É um orçamento previsto de R$ 7,5 bilhões para reajustes e planos de carreiras, e o INSS ficou de fora. A gente não pode aceitar?, afirmou Jaqueline Gusmão, diretora do Sindiprevs-PR. O governo federal, através do Ministério do Planejamento, tem prazo até 30 de junho para fazer a inclusão.
Segundo Jaqueline, caso não haja acordo com o governo federal, os servidores do INSS podem entrar em greve. A última grande greve da categoria foi em 2005 e durou cem dias. Em todo o Paraná há cerca de 1,8 mil servidores do INSS na ativa, 700 apenas em Curitiba.
Vergonha
O motorista Sérgio Silva Barbosa, 57 anos, não sabia que o início do atendimento seria atrasado ontem, e chegou ao prédio do INSS às 5h da manhã. Sua senha era a de número 7. ?Às 7h30, deixaram a gente entrar no prédio, mas o atendimento mesmo só começou às 9h?, contou.
De seis em seis meses, Barbosa vai ao prédio do INSS para levar a certidão que garante o pagamento do auxílio-doença à sua mãe. O atendimento, ontem, não levou mais do que dez minutos. ?Isso aqui é uma vergonha, é humilhante?, desabafou, referindo-se ao sistema previdenciário brasileiro.