Mais de uma semana de negociação não foi suficiente para evitar que os cerca de 2,6 mil funcionários da montadora de ônibus e caminhões Volvo decidissem entrar em greve, acompanhando o que já vem acontecendo há mais de 10 dias na Renault-Nissan e na Volkswagen-Audi.

continua após a publicidade

A decisão dos empregados da Volvo aconteceu ontem pela manhã, em assembleia realizada em porta de fábrica, na sede da empresa, na Cidade Industrial de Curitiba.

O principal impasse que resultou na greve foi em relação ao reajuste salarial. Os funcionários, que inicialmente pretendiam 10% de aumento, abaixaram o pedido e passaram a aceitar um reajuste 8%, sendo 3% de aumento real e 4,44% referentes ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses. Por outro lado, a empresa aceitava cobrir o INPC, mas chegou no máximo a 2% de aumento real, o que totalizaria um reajuste de 6,53%.

Outro ponto que ficou sem acordo foi em relação ao vale-mercado. Enquanto os empregados exigiam que o valor do benefício, congelado há 13 anos, passasse de R$ 60 para R$ 120, a Volvo queria que a verba fosse incorporada ao salário.

continua após a publicidade

A proposta não agradou os metalúrgicos, que acreditam que o valor seria facilmente absorvido pela inflação, em poucos anos. O único item em que havia consenso era o abono salarial de R$ 2 mil valor superior aos fechados este ano nos acordos com as montadoras da região paulista do ABC.

Tribunal

continua após a publicidade

Ainda ontem, pela manhã, os metalúrgicos da Renault-Nissan e da Volks-Audi também realizaram assembleias, em São José dos Pinhais, em que rejeitaram as propostas mais recentes das montadoras, que acabaram sendo praticamente idênticas à da Volvo.

As negociações continuaram mais tarde, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), em Curitiba, onde as conversas têm sido quase diárias. Porém, novamente não houve acordo e foram marcadas mais duas reuniões para hoje à tarde.

Durante as reuniões no TRT, alguns funcionários da Renault-Nissan que trabalham em turnos diferentes da manhã reivindicaram que as assembleias do SMC também sejam promovidas em outros horários do dia, já que muitos empregados não podem comparecer para votar às 5h da manhã horário em que as votações vêm sendo feitas.

O Sindicato prometeu atender o pedido já a partir de hoje. O clima também esquentou quando um dos diretores da Renault alertou da possibilidade da empresa transferir seus projetos e produção para a Argentina, devido às constantes greves dos empregados no Paraná. A empresa não comentou a afirmação.