Daniel Caron/O Estado |
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Os trabalhadores se reuniram em frente à fábrica da empresa, no município de Fazenda Rio Grande. |
Funcionários dos departamentos de produção e manutenção da fábrica da Matte Leão, empresa que pertence à Coca-Cola, entraram em greve a partir das 7h da última terça-feira (19). Na manhã desta quarta-feira os trabalhadores realizaram manifestação em frente à fabrica, instalada em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
A paralisação atinge 90% dos trabalhadores da área de produção segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Mate, Alimentação, Laticínios, Torrefação, Carnes e Derivados e Ração de Curitiba e Região Metropolitana.
Segundo o presidente do sindicato, Juarez Adão Couto da Silva, os trabalhadores reivindicam 10% de reajuste salarial. A proposta da empresa é de 7% de aumento para os trabalhadores que ganham o piso – hoje de R$ 660,00 – e 6,3% para os demais profissionais com salários de até R$ 4 mil.
“A maioria ganha o piso, que mesmo com o aumento fica abaixo do mínimo regional e isso é muito pouco”, afirmou Silva. Em assembleia no dia 14 de julho os trabalhadores recusaram a proposta e aprovaram a realização da greve.
Ontem, a paralisação foi discutida em uma audiência entre o sindicato e a direção da empresa no Tribunal Regional do Trabalho, mas não houve avanço na negociação.
O sindicato denúncia que a empresa tem feito represálias aos grevistas e demitiu sete pessoas, além de ameaçar os funcionários e coagi-los ao trabalho. Alguns trabalhadores relataram que diretores e supervisores da empresa estariam fazendo gestos de “cortar a cabeça” – uma ameça velada de demissão – para quem desejar aderir à greve. “Quem está trabalhando está coagido, ameaçado de demissão”, relataram.
Os trabalhadores, que não querem ser identificados por medo de represálias, também questionaram a quantidade de policiais em frente à fábrica durante a troca de turno. Segundo eles, cerca de dez viaturas permanecem no local durante a chegada dos trabalhadores, e a entrada é escoltada por policiais armados. “Ninguém aqui está lidando com bandido, todo mundo é trabalhador e quer um salário decente”, afirmou uma das grevistas. Até o momento, no entanto, nenhum incidente grave foi registrado.
Josieli Salles Dutra, que atuava há pouco menos de dois anos na área de produção, relata que ela e o marido foram demitidos por suspeitas de que eles estariam realizando movimentação favorável à paralisação.
A auxiliar de produção conta que eles não faziam parte do movimento grevista, mas a empresa teria suspeitado da participação deles por serem amigos de trabalhadores ligados ao sindicato. A demissão, segundo Josiele, ocorreu na portaria da empresa e a entrada dos profissionais não foi permitida. “Eles alegaram que eu não fazia o perfil da empresa e nós não pudemos nem passar da catraca. Foi muito injusto”, relatou.
A reportagem procurou a empresa via assessoria de imprensa para comentar a paralisação e aguarda o posicionamento da empresa.