Os 4.200 funcionários da Kraft Foods Brasil, em Curitiba, retornaram ontem ao trabalho, depois de um dia e meio de paralisação. Eles aceitaram conceder prazo até sexta-feira para que a empresa apresente nova proposta aos trabalhadores. A categoria reivindica 10% de reajuste salarial, abono de um salário e cesta básica de R$ 150,00. A proposta da empresa era de reajuste salarial de 8%.
“Estamos dando um voto de confiança à empresa, para que ela apresente uma proposta melhor. Se na sexta-feira isso não acontecer, devemos parar de novo”, declarou o diretor do sindicato da categoria, Zenir Teixeira. Segundo ele, a empresa garantiu o pagamento dos dias parados. Os funcionários haviam parado na segunda-feira, no turno das 22h. Ontem, a fábrica voltou a produzir no turno das 14h.
O salário médio dos funcionários de produção da Kraft é de R$ 750,00. O menor piso – pago aos trabalhadores temporários que atuam na produção de chocolates para a Páscoa – é de R$ 403,00.
Dados do Dieese-PR indicam que os salários pagos no Espírito Santo e em São Paulo, para as mesmas funções, são bem maiores. Em 2002, quando o salário médio na Kraft era de R$ 580,00, no Espírito Santo (onde está instalada a fábrica da Garoto) era de R$ 700,00 e, em São Paulo, R$ 1.056,00 – diferença de 21% e 82%, respectivamente.
Para o economista Cid Cordeiro, do Dieese-PR, a reivindicação dos funcionários se deve aos bons resultados da empresa nos últimos anos e às expectativas para a Páscoa 2005. Conforme dados do Die-ese-PR, a Kraft Foods Brasil teve lucro bruto de 51% em 2003 em relação ao ano anterior. Quanto ao lucro líquido, saiu de um prejuízo de R$ 3,7 milhões em 2002 para um lucro de R$ 98 milhões no ano passado.