A expansão das cooperativas de crédito país afora facilitou a vida dos brasileiros, mas os trabalhadores que atuam neste ramo não estão nem um pouco satisfeitos. A denúncia é da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito no Paraná (Fetec-PR), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo a Fetec-PR, os trabalhadores das cooperativas de crédito – cerca de 8 mil no Paraná – desempenham as mesmas funções de um bancário, mas não são remunerados como tal. A situação já foi levada ao delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuki, que se comprometeu em chamar representantes das cooperativas de crédito do Estado e representantes dos trabalhadores bancários na tentativa de colocar um fim ao impasse.
?Se entrarmos em qualquer uma dessas cooperativas de crédito, como o Sicredi e o Sicoob, é como se estivéssemos entrando em uma agência bancária, que abre conta corrente, oferece seguros. Só não reconhecem seus trabalhadores como bancários?, reclamou o presidente da Fetec-PR, Adílson Stuzata. Segundo ele, os trabalhadores das cooperativas de crédito apresentam, inclusive, as mesmas doenças dos bancários, como LER (Lesão por Esforço Repetitivo), síndrome do pânico e depressão.
?Esse setor de crédito cooperativo tem crescido muito, inclusive com o apoio do governo. Não somos contra isso, pelo contrário. Mas queremos que os trabalhadores dessas cooperativas sejam reconhecidos como bancários?, reforçou. Segundo a entidade, o piso salarial desses trabalhadores é R$ 400,00, enquanto o dos bancários gira em torno de R$ 800,00. ?O vale-refeição também é bem menor: de R$ 5,00 por dia, enquanto o do bancário é R$ 13,00?, comparou. Além disso, os trabalhadores das cooperativas não recebem vale-alimentação, ao contrário dos bancários que recebem cerca de R$ 238,00 por mês. ?Isso impacta em tudo: férias, FGTS?, observou.
Outro problema, segundo Stuzata, seria a tentativa das cooperativas de crédito em ampliar a jornada de trabalho. ?Na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ficou convencionada a jornada de seis horas para os bancários, mas as cooperativas querem implantar a jornada de oito?, afirmou. Ainda, conforme denúncia da Fetec-PR, as cooperativas de crédito têm uma série de privilégios fiscais ?e com esta atitude de explorar os trabalhadores ao não respeitar seus direitos estão tendo um lucro maior que os bancos.?
Cooperativas
Em nota enviada à redação, a assessoria jurídica da Fecoopar (Federação das Cooperativas do Estado do Paraná) – entidade que representa as cooperativas no Paraná – afirmou que ?as sociedades cooperativas são regidas pela Lei Federal Nº 5.764/71 e não se confundem com as instituições bancárias, pois possuem natureza jurídica distinta. As cooperativas, entre elas as do ramo de crédito cumprem a legislação pertinente.?
A entidade esclareceu ainda que ?a Fetec e seus sindicatos filiados não celebram Convenção Coletiva de Trabalho com a Fecoopar desde o ano de 1997. ?Salientamos que a Fecoopar sempre esteve disposta a estabelecer negociação, haja vista as convenções coletivas de trabalho firmadas com a outra federação representativa da categoria profissional?, finalizou a nota.