Achatada pela combinação de preços em queda, câmbio sobrevalorizado e demanda mundial fraca, a rentabilidade das exportações brasileiras já encolheu este ano 12%, até abril. Comparada com outubro de 2008, pico de rentabilidade no ano, a margem média dos exportadores recuou 20,7%, segundo índice calculado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

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“A situação piorou em maio, por causa da valorização do real ante o dólar, e tende a piorar ainda mais”, diz Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex. Em abril, o câmbio médio foi de R$ 2,20 por dólar. Essa média caiu para R$ 2,06 em maio e já está abaixo de R$ 2 este mês. Até abril, a rentabilidade das exportações ainda se mantinha num nível 7% superior ao registrado em igual período de 2008. No entanto, o economista da Funcex explica que a situação agora é mais complicada porque a demanda mundial está em retração e o exportador brasileiro não tem fôlego para tirar mercado dos concorrentes, nem espaço para compensar perdas com o aumento nos preços em dólar.

A questão é que a taxa de câmbio é um dos principais preços da economia, variável-chave de todo o setor produtivo. Sempre que o câmbio estiver sobrevalorizado, há um desestímulo não apenas à exportação, mas também à produção local, aos investimentos e à geração de emprego e renda, na medida em que o dólar barato favorece a importação. “A indústria ficou muito pouco competitiva com o câmbio no nível atual”, diz José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, fabricante de embalagens plásticas flexíveis. “Não chegou ao ponto de causar prejuízo, mas é apavorante ver gente falando que o dólar vai chegar a R$ 1,80.”

Boa parte das empresas fechou contratos de exportações no primeiro trimestre com câmbio entre R$ 2,25 e R$ 2,30 e está entregando produtos com o dólar valendo menos que R$ 2. Agora, elas precisam de mais reais para poder pagar as suas contas internamente, tais como salários, impostos, fornecedores e outros compromissos assumidos para a produção do bem exportado.

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