Fumicultor e indústria não chegam a acordo

Em reunião realizada ontem, na sede da Federação da Indústria do Estado  de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis (SC), as representações do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo) e dos produtores de fumo dos três estados do Sul do Brasil apresentaram suas propostas para a negociação do preço do fumo para a safra 2003/2004. A proposta do Sindifumo foi de um aumento de 23,25% sobre a tabela básica definida no Protocolo da última safra, com o que o preço da classe de fumo BO1 passa para R$ 4,93 por quilo. Já a representação dos produtores apresentou um pedido de reajuste de 79,2% sobre a tabela praticada na última safra. 

A proposta do Sindifumo levou em conta o custo de produção dos últimos dois anos, que totalizou 51,6% (18,67% da safra passada e 27,71% da atual). Entretanto, como o preço da última safra teve um aumento efetivo de 23% (18,67% + 4,33%), a oferta do Sindifumo resultou num aumento real de mais 23,25%, integralizando a variação dos dois anos. ?Em uma economia estável como a que ora se apresenta, nenhum segmento da agricultura ou da indústria tem conseguido aumentos reais tão expressivos como os do fumo?, declara o presidente do Sindifumo, Claudio Henn, referindo-se à proposta apresentada.

A grande diferença nas propostas apresentadas ocorreu em função do critério adotado no levantamento do custo da mão-de-obra. O Sindifumo corrigiu pelo INPC o correspondente a 92,0% da mão-de-obra própria utilizada pelo produtor.

Já os 8,0% correspondentes à mão-de-obra contratada, foi corrigida integralmente pela pesquisa realizada em conjunto pela representação dos produtores e da indústria. Por outro lado, as entidades dos produtores aplicaram integralmente o resultado da pesquisa sobre a totalidade da mão-de-obra, o que torna irreal a apuração do custo nestas condições. Além disso, esta sistemática remunera igualmente aqueles produtores menos eficientes, em detrimento aos mais competitivos.

Outro fator considerado pelo Sindifumo em sua proposta foi a produtividade de 2.150 quilos por hectare, já que a safra está sinalizando um rendimento que deve alcançar os 2.200 mil Kg/ha. Os demais itens do custo apurado pelo Sindifumo levaram em conta o levantamento conjunto feito com os produtores, como os insumos agrícolas e a lenha que apresentaram aumento expressivo.

Garantias

Além do aumento na tabela de preços, o Sindifumo ratificou os compromissos já assumidos, como a compra integral da safra contratada, pagamento do fumo no 4.º dia útil, pagamento do frete e do seguro do transporte da produção, aval nos financiamentos de custeio e investimento, entre outras garantias.

Para o Sindifumo, a proposta apresentada levou em conta além do custo de produção a real situação do mercado internacional, a defasagem cambial, já que 85% da safra é exportada, e, também, a preservação do sistema integrado que é um dos principais pilares da liderança da fumicultura brasileira. Segundo Claudio Henn, ?os dois principais concorrentes do fumo brasileiro, Estados Unidos e Zimbabwe, perderam importantes fatias de mercado por não saber administrar adequadamente a questão dos custos. Queremos que o Brasil se mantenha na liderança das exportações?.

As indústrias iniciam oficialmente a comercialização da safra na próxima segunda-feira, dia 12, praticando o aumento oferecido de 23,25%. Mesmo assim, diante do impasse na negociação, as partes envolvidas vão manter aberto o canal de negociação.

Safra recorde

Segundo as últimas estimativas, a safra poderá chegar a 860 mil toneladas, o que representa um aumento superior a 40% em relação ao volume da safra anterior. Com este volume, o setor deverá injetar perto de R$ 4 bilhões junto às 190 mil famílias de agricultores integrados dos três estados do Sul do Brasil. As exportações neste ano devem alcançar o patamar de US$ 1,4 bilhão, sendo um dos principais itens de exportação da Região Sul.

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