O tamanho estimado do chamado “sistema bancário na sombra” cresceu em cerca de US$ 5 trilhões em 2013 e alcançou US$ 75 trilhões no ano passado. A estimativa foi divulgada pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês). O aumento nominal de 7% no total de ativos desse segmento que tem pouca ou nenhuma regulamentação é resultado especialmente da valorização dos ativos, explica a entidade que destaca que, em termos proporcionais, os valores estão praticamente estáveis desde 2008.

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Estimativa publicada no 4º relatório anual de exercício de monitoramento de tendências globais e riscos sinaliza que em termos proporcionais, o tamanho desse mercado – que é calculado pelo monitoramento universal da intermediação financeira não-bancária – representa cerca de 50% dos ativos do sistema bancário tradicional e aproximadamente 120% do tamanho da economia global. “Essas proporções estão relativamente estáveis desde 2008”, diz o FSB.

Além disso, a entidade nota que parte dos US$ 75 trilhões são parcialmente regulados porque algumas atividades estão em segmentos que têm fiscalização em alguma etapa da operação ou fazem parte de conglomerados que são acompanhados por autoridades. Diante disso, o FSB estima que a parcela da cifra que não sofre qualquer tipo acompanhamento estaria em cerca de US$ 35 trilhões. O valor mostra expressiva queda, já que a pesquisa anterior citava US$ 62 trilhões.

Na cifra de US$ 75 trilhões estão todas as operações financeiras não-bancárias relacionadas a esse sistema paralelo e que podem representar risco para o restante da economia. A atividade financeira na sombra é aquela envolvida na gestão e oferta de crédito que não está sob regras de supervisão regulatória. Entre as atividades incluídas nessa conta, estão os hedge funds – fundos de investimento de alto risco que também pode ser usado para especular -, o mercado de derivativos de balcão e outros ativos não cotados em mercados como a Bolsa de Valores.

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Atividades não regulamentadas estiveram na origem da crise financeira de 2008, quando problemas no segmento de financiamentos imobiliários de maior risco dos Estados Unidos, o chamado subprime, se espalharam rapidamente para o sistema bancário tradicional e atingiram praticamente toda a economia mundial.

China

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A China é o país onde os bancos na sombra mais crescem nos últimos anos. Estimativa feita pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) mostra que a participação da China na atividade financeira não regulada global cresceu mais de seis vezes desde 2007 e o país já responde por 4% desse mercado mundial. No mesmo período, o Brasil viu sua participação aumentar de 1,1% para 1,5%.

A China é um dos principais destaques do 4º relatório anual de exercício de monitoramento de tendências globais e riscos publicado pelo FSB. “Entre os mercados emergentes, o tamanho e o rápido crescimento do sistema bancário paralelo na China merece especial atenção”, destaca o documento divulgado nesta semana em Basileia, na Suíça.

De acordo com estimativa da entidade ligada ao G20, a participação da China no total de ativos do sistema bancário paralelo era de 0,6% em 2007, um ano antes do agravamento da crise financeira. No fim do ano passado, a fatia desse mercado de responsabilidade de instituições chinesas já era equivalente a 4%. Isso quer dizer que bancos na sombra da China têm cerca de cerca de US$ 3 trilhões sob sua responsabilidade. Em 2013, o ritmo de crescimento do setor foi de 33,5% na China – o maior entre as grandes economias mundiais.

O sistema financeiro sem regulamentação na China é motivo de preocupação de investidores internacionais. Há temor de que a atual desaceleração da economia afete atividades como o setor imobiliário, o que poderia gerar consequências negativas para o restante do sistema bancário e a economia real.

Brasil

A atividade bancária sem regulamentação cresceu no Brasil nos últimos anos e a participação brasileira nesse mercado aumentou. O ritmo, porém, é pequeno quando comparado aos dados vistos na China. De acordo com o 4º relatório anual de exercício de monitoramento de tendências globais e riscos publicado pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), a participação brasileira no mercado global paralelo passou de 1,1% em 2007 para 1,5% no fim de 2013.

Isso quer dizer que instituições com pouca ou nenhuma regulamentação têm cerca de US$ 1,1 trilhão no Brasil. Em termos nominais, a participação brasileira cresceu exatamente como a média mundial: 7% no ano passado.

Ainda que o aumento no Brasil tenha sido crescimento dentro da média, o relatório do FSB chama atenção para o aumento do passivo dos bancos tradicionais com algumas instituições financeiras com pouca ou nenhuma regulamentação. No ano passado, o total de passivos do setor bancário regulado com parte desse segmento paralelo cresceu 19,1%, estima o FSB. Brasil, Indonésia e Espanha estão na mesma situação e o FSB sugere que “autoridades estejam atentas diante da combinação de um forte aumento e um nível já elevado” das cifras nos três mercados.

Apesar do crescimento dos emergentes, países desenvolvidos ainda respondem pela maioria esmagadora da atividade bancária na sombra. Segundo o FSB, a zona do euro tem 33,7% desse mercado global e os Estados Unidos respondem por 33,5%. Em seguida, aparecem Reino Unido (12,4%), Japão (4,8%), China (4%), Canadá (2,9%) e Suíça (2,3%).