Com uma frota de quase 1,6 milhão de automóveis movidos a gás natural veicular (GNV), o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial do setor, atrás do Paquistão, com mais de 2 milhões de veículos, e da Argentina, com 1,71 milhão. Segundo o presidente da Associação Latino-Americana de Gás Natural Veicular, Rosalino Fernandes, apesar da crise internacional, a frota nacional de GNV cresceu 8% no ano passado.

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De uma certa maneira, a crise pode até ajudar o setor”, disse Fernandes, que considerou ótimo o percentual de 8% de aumento, já que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) em 2008 deve ficar em torno de 5% ou 6%. No entanto, o crescimento do consumo de GNV ficou abaixo da média de 14% de anos anteriores.

Fernandes, que coordena o Comitê de GNV do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), atribuiu o decréscimo ao preço elevado do gás natural, em comparação com o de outros combustíveis. Ele disse que, em alguns casos, houve aumento de até 20% no preço do gás. E muitos consumidores em potencial recuaram porque acharam que o preço poderia aumentar mais, ressaltou.

De acordo com ele, a crise internacional está levando à redução no consumo industrial de bens, principalmente produtos siderúrgicos e eletrodomésticos. A queda de vendas contribui para reduzir a demanda de gás pela indústria pesada e pela indústria de geração elétrica que usa gás. Em conseqüência, aumenta a oferta do produto, e a tendência é de queda de preços, favorecendo o consumidor.

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Também contribui para a queda o fato de o preço do gás ser estabelecido com base em uma cesta de óleos cotada em dólar e baseada no preço do petróleo. Como a cotação do barril do petróleo caiu de US$ 140, no ano passado, para cerca de US$ 47, Fernandes acha que ajudou a baixar os preços do gás. No entanto, a cotação do gás não caiu na mesma proporção da do petróleo.

Além disso, em fevereiro, com a entrada em vigor da redução do preço do gás natural entre 10% e 11%, o produto se tornará mais competitivo. Fernandes espera que, com isso, os consumidores potenciais, que não aderiram ao gás no passado, façam isso agora, vendo o preço “retornar aos níveis mais comuns”. Segundo ele, o preço do gás natural vai cair tanto para o GNV quanto para o de uso residencial e industrial.

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Entre os estados, o Rio de Janeiro é o que conta com maior número de veículos movidos a GNV, o que corresponde a 47% da frota total, seguido de São Paulo, com cerca de 20%. Com a mudança de preço do gás, Fernandes estima que este ano o setor cresça entre 10% e 12%. Para ele, ainda há muito espaço para crescimento do mercado de GNV no país, pois a frota atual corresponde a menos de 10% do total nacional de veículos leves, que é de 28 milhões.