A geada que atingiu boa parte do Paraná nos últimos dias, especialmente ontem, deve fazer com que os preços dos produtos hortigranjeiros disparem a partir de hoje. Na Ceasa-PR (Central de Abastecimento do Paraná), em Curitiba, a expectativa é que alguns produtos cheguem a faltar. É o caso da couve-flor e algumas folhosas, que são cultivadas na Região Metropolitana de Curitiba e podem ter queimado com a geada forte. O excesso de chuva e a redução da área de plantio também influenciam na alta dos preços.
“A produção caiu em torno de 50% em relação ao mesmo período do ano passado”, aponta o diretor agrocomercial da Ceasa-PR, Paulo Da Nova. Segundo ele, a baixa remuneração dos produtores fez com que muitos desanimassem e plantassem menos este ano. “A volta de preços vis praticados pelos supermercados influenciou. O produtor se descapitalizou e teve que reduzir muito a produção”, diz. O excesso de chuva também atrapalhou o plantio, afirma o diretor.
O resultado disso tudo pode ser visto nos preços dos produtos. Segundo Da Nova, na tabela do dia 13 de junho de 2003, do total de 29 produtos -que representam 90% da comercialização da Ceasa-PR -, 20 tinham preço estável, quatro subiram e cinco baixaram. Este ano, no mesmo período, 15 produtos já tiveram o preço elevado, 11 mantêm estável e três diminuíram. “Toda tendência hoje é de alta”, diz. A abobrinha, por exemplo, que custava R$ 0,79 o quilo na Ceasa-PR em junho do ano passado, agora é vendida por R$ 1,84. O quilo da alface crespa passou de R$ 0,21 para R$ 0,83; a cebola, de R$ 0,55 para R$ 1,25; o tomate, de R$ 0,57 o quilo para R$ 1,96; o repolho, de R$ 0,23 o quilo para R$ 0,50. “Isso sem contar a geada do final de semana, que deve elevar ainda mais os preços”, salientou Paulo Da Nova. O frio, excesso de chuva e a redução de plantio são apontados como os principais fatores da disparada de preços dos produtos hortigranjeiros. “Hoje (ontem), o preço da couve-flor ficou estável, porque muitos produtores já haviam colhido no sábado. Mas amanhã (hoje) deve faltar couve-flor na Ceasa”, acredita Da Nova. Com a geada, o Paraná passa a ser abastecido por outros estados. Nesse caso, verduras e legumes também podem ficar mais caros por conta do frete.
Grãos
De acordo com o economista Norberto Ortigara, do Departamento de Economia Rural (Deral), a geada atingiu especialmente algumas lavouras de milho safrinha, soja safrinha, feijão, trigo, além de hortaliças e pastagem. O balanço, no entanto, só deve ser divulgado em dez dias. Segundo Ortigara, uma das culturas mais atingidas foi o milho safrinha. “Quase 80% da lavoura está em fase bastante suscetível”, diz ele. As regiões mais atingidas foram as do Oeste, Sudoeste e Centro-Sul. A geada também atingiu algumas lavouras de trigo, especialmente na região de Cascavel e Francisco Beltrão, onde a lavoura está em processo de floração e frutificação (espigamento). “Também afetou um pouco a soja safrinha, na região de Ponta Grossa e Irati, e de feijão”, diz Ortigara.
O economista lembra, no entanto, que o frio também tem o lado bom. “O frio controla a proliferação de pragas na lavoura e tem efeito positivo em algumas espécies”, diz. Ontem, as menores temperaturas do Estado foram registradas em Pinhais, na Região Metropolitana, e Lapa: 1,1 grau negativo. A previsão do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) é de mais geada nos próximos dias.