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Os funcionários do Frigorífico Margen – duas unidades em Maringá, uma em Paranavaí e outra em Lupionópolis -, que estavam ameaçados de perder o emprego no final do ano passado, vão voltar a trabalhar hoje. Com isso, as demissões estão suspensas. A decisão surgiu do encontro realizado ontem entre representantes dos empregados e da empresa no Ministério do Trabalho, em Brasília.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos de Maringá e região, Rivail Assunção da Silveira, explica que a produção será retomada a partir de hoje, quando os funcionários receberão os avisos para voltarem ao trabalho. O mesmo não vai acontecer em três unidades nos estados de Tocantins, Goiás e Acre, cujos contratos de arrendamento estão vencendo. Não existe interesse por parte do Margen em continuar com o negócio nestes casos. O ministério vai interferir para que os antigos donos reassumam as unidades.

De acordo com Silveira, uma nova reunião na semana que vem pretende aproximar a empresa com a Casa Civil, o INSS e a Receita Federal. "Daqui para frente, o governo federal vai ajudar a empresa a recuperar sua credibilidade no mercado e evitar as demissões. Um documento foi elaborado com estas intenções", afirma.

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Os representantes do Margen expuseram dificuldades em retomar a produção durante o encontro. O frigorífico perdeu a confiança do mercado após as notícias sobre as prisões de diretores e as possíveis demissões. Eles também alegaram que seria difícil voltar com o negócio porque algumas contas da empresa estão bloqueadas. "Por enquanto, a reunião atendeu as nossas expectativas. Considero até um encontro histórico em virtude da rapidez com que o ministério tratou o assunto", analisa o presidente do sindicato. Silveira informa que as prisões de diretores do Margen não foram comentadas durante a reunião.

Na semana passada, o frigorífico anunciou que faria as demissões porque não conseguiria bancar o negócio novamente. O abate de animais estava suspenso desde o começo de dezembro de 2004, quando 12 pessoas ligadas ao Margen, suspeitas de sonegar R$ 150 milhões do Imposto de Renda e do INSS, foram presas pela Polícia Federal (PF). Quatro permanecem na sede da PF em São Paulo. Nas quatro unidades do Estado trabalham 2,5 mil pessoas. Em todo o Brasil, o Margen tem 23 unidades em oito estados.

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Preocupação

O frigorífico é responsável por 100% da carne bovina exportada e por 40% dos abates de bois no Paraná. Como o Margen influencia muito o mercado do Estado, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento vai promover uma reunião amanhã para buscar alternativas aos pecuaristas paranaenses. O órgão está preocupado com as conseqüências se a empresa não retomar a produção totalmente.

Por isto, chamou algumas instituições ligadas à categoria com a finalidade de fazer um alerta quanto a situação dos criadores de gado. Muitos deles já venderam as produções à prazo, podendo levar calote do frigorífico. O quadro ocasionado pelo Margen pode fazer com que os pecuaristas paranaenses tenham de vender seus bois para outros estados a preços mais baixos. (Joyce Carvalho)