Determinados produtos ou serviços, que até bem pouco tempo atrás só eram encontrados em grandes cidades, agora já estão disponíveis em municípios de médio e até pequeno porte. É o movimento das redes de franquias que, embaladas pela globalização, não param de se multiplicar. Só no ano passado, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor movimentou R$ 31,6 bilhões no Brasil, através das 70 mil unidades franqueadas.
?Franchising é um segmento que está em plena expansão?, sentenciou Ademar Pahl, organizador da Franchising Fair 2005 – Feira Nacional de Franquias -, que acontece entre os próximos dias 22 e 24 (quinta a sábado), no Centro de Exposições da Fiep, em Curitiba. Ao todo serão 40 estandes, com cerca de 150 marcas franqueadoras. A expectativa é gerar negócios de R$ 10 milhões durante e após a feira, valor superior aos R$ 8,5 milhões fechados na edição anterior.
De acordo com Ademar Pahl, ao contrário do que muitos pensam, não é preciso ser um empreendedor nato para se tornar um franqueado. ?Muitos buscam a franquia como uma opção de investimento?, comentou. É o caso de profissionais liberais, como médicos e advogados, que apostam em marcas franqueadas para aumentar sua renda. ?Esse é o franqueado investidor. Já o empreendedor é aquele que toca o próprio negócio? explicou.
Para quem quer se tornar um franqueado, Pahl apontou a exigência de alguns requisitos, como gostar do ramo. ?Se uma pessoa adquire uma franquia para explorar dentro de shopping, por exemplo, ela pode esquecer final de semana.? Além de escolher um negócio conforme o seu perfil, é preciso ainda ter capital disponível inicial, incluindo a taxa de franquia, além de capital de giro. O capital inicial, dependendo a franquia, pode variar entre R$ 15 mil e R$ 700 mil. ?Toda essa parte sobre disponibilidade de verba é orientada pelo franqueador?, explicou.
Interiorização
Para o consultor e especialista em desenvolvimento de projetos de franquia, Mauro Trivellato, o movimento atual é de ?interiorização das marcas?. ?Até tempos atrás, as pessoas vinham para as cidades atrás de marcas reconhecidas. Agora, essas marcas também já estão chegando nos municípios menores?, afirmou.
Segundo ele, o crescimento de franquias – o estimado é de 10% ao ano – está relacionado ao fato de se tratar de uma atividade testada e já aprovada. ?O franqueado estará comprando uma marca já solidificada no mercado. A chance de não dar certo, portanto, é muito menor?, apontou Trivel-lato, acrescentando que a taxa de mortalidade de franqueados é de 20% em cinco anos – índice bem inferior se comparado aos demais negócios. ?O treinamento inicial e acompanhamento oferecem um ambiente de tranqüilidade para começar o negócio?, afirmou, lembrando que orientações sobre logística, estoque, comissões, salários e outras informações são toda repassadas pelo franqueador.
Tamanha segurança, porém, tem um custo elevado. A taxa de franquia da Twiss (quiosque de folhados) é de R$ 12 mil, sem incluir projeto arquitetônico, loja, nem pintura. Em outra rede paranaense, a 10 Pastéis, que surgiu inicialmente em Maringá, a taxa passa para R$ 30 mil. ?Nesse preço está apenas o direito de uso de marca, sem incluir o ponto comercial?, esclareceu Trivel-lato.
Serviço: A Franchising Fair 2005 acontece de 22 a 24 de setembro, das 14h às 21h, no Centro de Exposições da Fiep -Av. Comendador Franco, 1341. Ingressos: R$ 10,00 no local. Informações: (41) 3352-0110.
Vantagens e desvantagens de ser um franqueado
Há cinco anos, o publicitário Igor Melhem Marques, 32, decidiu dar uma guinada na vida profissional. Abandonou o diploma e se enveredou por uma atividade nova: a de franquias. Escolheu a marca Restaura Jeans e passou a explorar uma unidade no centro. ?No meu caso, como mudei totalmente de ramo, achei que seria melhor optar pela franquia do que abrir um negócio sem suporte. Eu teria mais dificuldades sozinho?, acredita.
Há três anos, Marques abriu outra unidade, dessa vez no bairro Novo Mundo. O investimento inicial da primeira loja foi de R$ 8 mil e da segunda, R$ 14 mil. Segundo Marques, o retorno financeiro pode ser traduzido no crescimento da marca. ?Quando comprei as duas lojas, não existia padronização obrigatória, por exemplo?, comentou. Com a mudança de conceito da própria marca e do perfil, a Restaura Jeans cresceu e se valorizou. ?Hoje não vendo a loja do centro por menos de R$ 30 mil a R$ 35 mil?, revelou.
Entre as vantagens de ser um franqueado, Marques cita a segurança, o suporte fornecido pelo franqueador e a credibilidade da marca. Já a desvantagem é o fato de ?ficar amarrado a algumas regras.? ?No geral, vejo mais vantagens do que desvantagens?, resumiu ele.
Outro que também apostou no ramo de franquias foi Charles Bittencourt Ribeiro, 29. Há seis anos e meio, então com 23 anos de idade, Charles decidiu pela marca 10 Pastéis. Investiu cerca de R$ 70 mil e abriu a unidade no Shopping Estação. O retorno financeiro, segundo ele, aconteceu em cerca de 24 meses. ?Foi meu primeiro emprego?, revelou. Ribeiro conta que vinha pesquisando sobre franquias durante um ano. ?O que me levou a escolher o 10 Pastéis foi a identificação com a marca, por ser daqui e por gostar do produto?, afirmou.
Com doze funcionários, Ribeiro conta que pensa em abrir mais uma unidade no ano que vem. ?As vantagens da franquia são o nome forte no mercado, o poder de barganha junto aos fornecedores. Já a desvantagem é ter que seguir um padrão, um procedimento.? (LS)