O presidente da França, François Hollande, disse que passou o pior momento da crise financeira na Europa, mas que é necessário união dos países da zona do euro para garantir os avanços necessários para retomar o crescimento.
Em entrevista a jornais europeus como “Le Monde” e “El País”, publicada hoje, Hollande diz que as decisões tomadas durante a cúpula de países da zona do euro, em junho, são as chaves para a recuperação econômica.
Dentre elas, está a aprovação da compra de títulos da dívida pública pelo Banco Central Europeu (BCE), autorizada em setembro, e a autorização para financiamentos em investimentos de países mais endividados.
Para o presidente, o primeiro passo para saída da crise é solucionar a crise da Grécia, “que tem feito tantos esforços e que deve ser assegurada de permanecer na zona do euro”.
“Depois, respondendo às demandas dos países que têm aplicado as reformas esperadas e que devem poder obter financiamento com taxas razoáveis. Finalmente, aplicando a união bancária”, explicou.
O mandatário disse que gostaria de ter todas as soluções para a crise aplicadas até o final do ano. “Poderemos então iniciar a mudança de nossos modos de decisão e o aprofundamento de nossa união”, disse.
Crescimento
Hollande defendeu as medidas de crescimento para o continente em associação com as correções orçamentárias, mas pediu uma série de medidas que incentivem a volta do investimento para diminuir a pressão sobre as economias mais afetadas.
“Estou convencido que, se não damos mais fôlego à economia europeia, as medidas de disciplina, por mais desejáveis que sejam, não poderão ser traduzidas em nada”.
Como solução à recessão, propôs um aumento do consumo interno dos países em situação mais confortável, como a França e a Alemanha, para retomar a atividade produtiva nos Estados mais afetados pela crise.
“Não é possível, pelo bem de todos, impor uma prisão perpétua a alguns países que fizeram sacrifícios consideráveis se suas populações não veem, em algum momento, os resultados de seus esforços”.
Nobel
Hollande qualificou de “homenagem e pedido” o Prêmio Nobel da Paz à União Europeia, concedido na última sexta.
“A homenagem é para os pais fundadores da Europa, por terem sido capazes de construir a paz após uma carnificina. E o pedido é aos governantes do continente, para que sejam conscientes de que é obrigatório reagir.”
O chefe de Estado francês afirmou ainda que a “união política” da UE acontecerá depois da “união orçamentária e social”.
Para o presidente francês, isto será concretizado depois das eleições ao Parlamento europeu de 2014. Com isso, declara ser possível uma união no marco democrático após uma integração solidária.