Brasília e Washington – O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, vão se reunir na próxima segunda-feira, em Nova York, com executivos de 12 bancos americanos, europeus e asiáticos para discutir a volta das linhas de crédito às empresas brasileiras. Segundo Armínio, estes bancos estão receosos de que se repitam no Brasil os problemas da moratória da Argentina, que suspendeu o pagamento das linhas de comércio exterior.
A reunião contará com a presença de um representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), informou Thomas Dawson, principal porta-voz do organismo. A função desse representante, segundo Dawson, é fornecer informações sobre o Brasil aos banqueiros e monitorar o progresso dessa empreitada. O FMI já prestou esse tipo de assistência a outros países.
O encontro será realizado na sede regional do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Segundo o BC, desde janeiro, os repasses de linhas comerciais a bancos brasileiros caíram de US$ 13,7 bilhões para US$ 11,7 bilhões.
– Estamos indo até os bancos e os investidores para resgatar a confiança e dizer que é um bom momento para fazer negócios no Brasil – disse Armínio, que, no começo de setembro, irá à Suíça para a reunião anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Armínio disse que vem mantendo contatos diários com outros bancos centrais que vêm recomendando o corte de linhas por medo de prejuízos com a crise no Brasil. Na segunda-feira, ele apresentará dados sobre a economia brasileira para provar que a redução da vulnerabilidade externa.
O presidente do BC vai destacar a queda no déficit em transações correntes (exportações, importações, viagens, juros e remessa de lucros das multinacionais) de US$ 23,2 bilhões em 2001 para menos de US$ 19 bilhões projetados para esse ano. Também vai mostrar que a balança comercial deverá superar US$ 6 bilhões em 2002.
Segundo Armínio, o dólar cotado a R$ 3,08 demonstra que o real está subvalorizado e a taxa de câmbio deve recuar quando o mercado se estabilizar. Ele disse que não esperava um impacto imediato do acordo de US$ 30 bilhões com o FMI.