O Mercosul não se entende sobre a adoção de uma estratégia comercial diante da recessão que se anuncia em todo o mundo. O bloco não consegue chegar a um acordo sobre como tratar da entrada de produtos chineses nem como lidar com o crescente volume de importação em uma época de crise. Não há posição comum nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Argentina insiste em manter um quarto de seu comércio protegido.

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O chanceler brasileiro, Celso Amorim, defendeu ontem que o bloco e a OMC encontrem uma solução para ajudar a indústria argentina. Mas indicou que o momento não é de endurecer posições e todos precisam mostrar flexibilidade. Amorim esteve reunido com o chanceler da Argentina, Jorge Taiana, durante viagem a Doha para encontro da ONU, ontem. Os dois tentaram aproximar as posições negociadoras, mas não há acordo, por enquanto. “Teremos de encontrar uma solução específica para a Argentina. Temos de entender que viveram uma crise e merecem atenção e respeito. O Brasil poderia também defender um patamar de proteção pedido pela Argentina, mas isso é uma negociação”, afirmou Amorim.

Buenos Aires quer manter 24% de seu comércio protegido. A proposta ainda fala de um corte de apenas 42% nas tarifas de importação. Os países ricos alertam que não aceitarão a conclusão da Rodada Doha sem um maior acesso aos produtos industriais nos mercados dos países emergentes. Sabendo que terão de pagar algo por um acordo e por benefícios nas exportações agrícolas, Brasil e Uruguai vêm pressionando por um acordo até o fim do ano e aceitam que terão de fazer concessões na abertura de seus mercados. Peter Allgeier, embaixador americano na OMC, chegou a confessar a outros negociadores que a Argentina estava conseguindo isolar o Mercosul na Rodada Doha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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