Não existe um modelo perfeito de compliance, porque um bom programa de integridade depende de uma análise de risco da própria empresa. Essa é uma das conclusões apresentadas pelo diretor de compliance da Siemens Brasil, Reynaldo Goto, durante o Fóruns Estadão – Governança Corporativa. “Não se pode negar que a empresa está em um ambiente em que existe risco, por isso a análise é sempre muito importante”, disse.

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A Siemens ficou conhecida por ter pagado a maior multa por um caso de corrupção no mundo, em 2008, em acordo de US$ 1,6 bilhão com os governos dos EUA e da Alemanha. Segundo Goto, o escândalo, descoberto em 2006, marcou o pior momento na história da companhia, não só pelas multas, mas pela perda de credibilidade. “A pior coisa é o cliente não querendo comprar, o fornecedor não querendo entregar, excelentes profissionais saindo da empresa”, contou.

Goto lembrou que, logo após 2006, a companhia implementou quatro medidas essenciais: afastamento da alta direção relacionada aos ilícitos, colaboração com as autoridades, ressarcimento ao erário e implementação do sistema de compliance. Mesmo assim, esse programa de integridade não quer dizer que eles viraram “santos”. “Nós não somos perfeitos. Há cerca de um mês fechamos um acordo de leniência com um país do Oriente Médio, ainda relacionado a essas sombras do passado. Passada uma década, ainda estamos limpando a estrutura da empresa, em um processo de melhoria contínua do compliance”, relatou.

No Brasil, em 2011 a Siemens desligou o presidente da unidade no País, após investigações internas, e em 2013 fez um acordo de leniência com as autoridades relacionado a casos de corrupção no sistema metroviário paulista.

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Atualmente, Goto diz que dois terços dos recursos e esforços da sua diretoria são aplicados em prevenção, com treinamentos, comunicações, políticas e controles. A Siemens também criou, em parceria com o Banco Mundial, um fundo de US$ 100 milhões para fomentar programadas de integridade ao redor do mundo. No Brasil, a companhia apoia o Instituto Ethos.

Falando no mesmo painel, a professora da FGV Direito Mariana Pargendler comentou que a tendência é a governança aparecer como uma grande promessa em tempos de crise. Passada a crise, no entanto, a governança continua como resposta, até porque a ameaça de punições é um incentivo para a adoção de medidas de integridade. No caso das estatais, ela disse que é importante ter uma lei própria para essas companhias, mas que a recente legislação aprovada no Brasil ainda é tímida. “Há uma grande ambiguidade em relação aos conselheiros independentes na Lei das Estatais, pois não fica claro como garantir essa independência”, apontou.

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