Investir em inovação é uma forma crucial de ampliar a capacidade brasileira de competir no mundo global e remover ou minimizar os gargalos de infraestrutura. Também é fundamental para que o País possa avançar. Essas foram as principais conclusões do painel Infraestrutura e Inovação do Fórum Estadão – Inovação, Infraestrutura e Produtividade, feito em parceria com a Finep, em São Paulo.

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Para a vice-presidente para assuntos governamentais e de Políticas Públicas da GE América Latina, Adriana Machado, uma das principais lacunas da infraestrutura logística brasileira é o baixo investimento em ferrovias. “Nessa questão de infraestrutura a gente sabe o que tem que fazer, há estudos que mostram as soluções, o que precisamos é acelerar a execução das coisas”, afirmou. Segundo a executiva, para competir de forma global é preciso “velocidade”. “O mundo não para e está girando cada vez mais rápido”, afirmou.

A falta de decisão política para fazer as obras necessárias em infraestrutura também é para o diretor de operações de negócios de centro de P&D da EMC2, Fred Arruda, a principal barreira para o desenvolvimento brasileiro em pesquisa e inovação. “É uma questão de política, a gente sabe o que fazer, os técnicos a gente tem. É preciso ter coragem de colocar o dedo na ferida e Ciência e Tecnologia não deve dar voto”, criticou.

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Também presente na mesa de debate, o vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Mauro Kern, disse que além de cobrar do governo é preciso criar um ambiente de colaboração para que se avance em infraestrutura e também na área de inovação. “Temos dificuldades e desafios monumentais a superar e precisamos pensar o que nós, em conjunto, podemos fazer melhor”, disse.

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Segundo Kern, é de responsabilidade de todos – empresas, governo, universidades – criar iniciativas para o desenvolvimento do País. “É possível a gente tomar iniciativas e construir soluções para questões estruturais. Iniciativa é uma ação que está na primeira pessoa”, reforçou. “O ambiente de colaboração deve ser construído. Vejo da parte do governo disposição para isso”, afirmou.

O diretor da Finep, Rodrigo Fonseca, que também participou do debate, afirmou que percebe um certo otimismo por parte de empresas para investir em inovação. “A despeito de algumas notícias negativas, a demanda da Finep tem crescido muito e o interesse das empresas motiva a trabalhar muito mais”, disse.

Lei do Bem

Os executivos comentaram ainda a existência da Lei 11.196/05, conhecida como Lei do Bem, que concede incentivos fiscais às empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

Para Arruda, apesar da existência da lei ser um instrumento importante para estimular a inovação, “há um desconhecimento sobre o tema”. “Há muitas empresas pequenas que poderiam investir mais”, disse. Além da comunicação, a executiva da GE ponderou que a Lei do Bem precisa também ampliar sua abrangência. “Ela é ótima, mas precisa melhorar”, reforçou.

Kern, da Embraer, ponderou que a questão tributária brasileira em relação à inovação e tecnologia “tem evoluído mais rapidamente do que em outros setores”. “Mais ela ainda é muito complexa”, ponderou.