A estrutura legislativa e da organização do aparelho do Estado não se modernizou. Afirmou, nesta quarta-feira, 25, o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) Paulo Godoy, no seminário “Gestão Pública e Burocracia – Desafios para o Estado Brasileiro”, da série Fóruns Estadão Brasil Competitivo, organizado pela Agência Estado.

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“A sociedade brasileira não percebeu que estamos atrasados brutalmente ante países que estavam na mesma situação que a nossa e que fizeram pacto para que esses entraves fossem removidos”, disse Godoy, citando a burocracia brasileira. “Estamos trabalhando na política de bombeiros”, completou.

Para Godoy, o modelo de concessão é única alternativa para gestão de áreas que ainda permanecem com o Estado. Outro entrave, segundo ele, é o sistema tributário brasileiro. “Nosso sistema tributário brasileiro é uma calamidade, mas nenhuma palha é mexida. É preciso estrutura jurídica que proteja investimento, pois as brechas na legislação permitem sobreposição de funções do Estado”, afirmou.

Godoy cobrou ainda ações mais rápidas do poder judiciário e citou o Ministério Público, para diminuir os entraves às obras de infraestrutura. “O poder judiciário precisa ter prazos e se responsabilizar por consequências”.

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O presidente da Abdib cobrou ainda uma padronização na precificação dos projetos de infraestrutura e ainda cobrou das companhias que apresentam as propostas uma melhor elaboração para serem apresentadas. “Felizmente, temos mão de obra criativa, capacidade empreendedora, principalmente dos médios e pequenos, mas o aparelho do Estado precisa facilitar que as pessoas desenvolvam a capacidade de fazer negócios e não esperar que o Estado nos carregue pelas mãos”, disse. “O Brasil vai desenvolver, mas poderíamos fazer isso em passos mais largos”, concluiu.

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CNI

Tão importante quanto um Banco Central independente é uma área de infraestrutura independente, na opinião do diretor de Políticas e Estratégias da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes. “A economia brasileira tem péssimo desempenho de produtividade. Temos várias questões para tratar que envolvem a questão da produtividade muito baixa no Brasil, mas a área mais importante que necessitamos de ganhos produtividade é a infraestrutura”, disse ele, na abertura da oitava edição da série Fóruns Estadão Brasil Competitivo, realizado pela Agência Estado.

Para o diretor da CNI, a área de infraestrutura é a que mais carece de investimentos em profissionalização e também organização por parte do Estado. Ele citou ainda exemplos da baixa produtividade no Brasil como, por exemplo, a diferença do frete cobrado para Xangai (China), que no Brasil chega de duas até quatro vezes mais do que nos Estados Unidos. “Há pesquisas na CNI que mostram que podemos reduzir o frete cobrado para Xangai em torno de 25%”, disse.