Profissionais que atuam na cadeia produtiva do trigo, produtores e representantes dos governos federal e estadual participam nesta segunda-feira (19) no auditório da Emater em Curitiba do Fórum do Trigo. O encontro vai possibilitar a discussão de políticas para a comercialização e o escoamento da produção de trigo da safra 2005.
O evento deve contar com participantes dos três estados da Região Sul. O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, disse que o interesse de produtores e técnicos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em discutir assuntos relacionados à comercialização do trigo é justificado pela importância da cultura na produção agrícola da região. ?O Paraná é o maior produtor nacional de trigo. No ano passado, o Estado colheu 3,1 milhões de toneladas do produto. Ou seja, os produtores paranaenses foram os responsáveis por 53% da produção brasileira de trigo, que chegou a 5,8 milhões de toneladas. Por isso, o momento é de unir forças e superar obstáculos que prejudicam a atividade?, disse.
Durante o Fórum, serão discutidos mecanismos como o PEP (Prêmio de Escoamento de Produção) e contratos de opção. Para o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, Otmar Hubner, o momento é oportuno para buscar meios que possibilitem o escoamento da produção e sua liquidez.
Atualmente as maiores preocupações de quem participa do segmento são a falta de liquidez do trigo e os baixos preços do produto no mercado. Segundo Hubner, que é o responsável pelo acompanhamento conjuntural do trigo no Paraná, a falta de liquidez é decorrente da dificuldade de escoar o trigo produzido na Região Sul, onde se concentra a maior parte da produção nacional do grão. ?Por sua vez, a dificuldade de escoamento é uma conseqüência dos altos preços dos fretes rodoviário e marítimo. O trigo do Sul acaba chegando a outras regiões do País, como o Nordeste, mais caro que o trigo importado. Este, por sua vez, entra no Brasil mais barato?, explicou.
Quanto aos preços pagos pelo produto, a situação é desanimadora. Segundo Hubner, a saca de 60 quilos do grão é comercializada no Estado a um preço médio de R$ 19,00. ?Este valor está abaixo do preço mínimo, que é de R$ 24,00. O pior é que não há expectativas para a melhora do preço?, lembrou.
Nem a queda prevista na produção nacional de trigo deve influenciar positivamente os preços. Já que a alta depende de outros fatores, como o mercado internacional do produto. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2005 o Brasil deve colher 4,8 milhões de toneladas. O Paraná deve responder por 63% da produção brasileira e o Rio Grande do Sul, 31%.
A queda da produção é resultado da redução da área plantada com trigo no País. Segundo técnicos da Conab, em 2004 o grão foi cultivado em 2 milhões e 760 mil hectares. Este ano, a estimativa indica o cultivo em 2 milhões e 360 mil hectares. ?A área plantada no Brasil está 14% menor. Isto é uma conseqüência da dificuldade de comercializar a produção da safra passada?, disse Hubner. Nos armazéns da Conab e de cooperativas ainda há aproximadamente 900 mil toneladas de trigo da safra passada, que ainda não foram comercializadas.
Segundo os organizadores, o Fórum do Trigo deve reunir cerca de 120 participantes. O evento será promovido e realizado pela Secretaria da Agricultura, Ministério da Agricultura, Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).