Após a forte queda nas estimativas para a atividade econômica deste ano, inferiores a 1%, os economistas do mercado passaram a esperar três cortes consecutivos da Selic a partir de setembro. Se as projeções estiverem corretas, a taxa básica de juros deve encerrar o ano em 5,75% ao ano.

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Sob essa avaliação, na manhã desta terça-feira, 18, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia sua reunião de dois dias para definir o novo patamar da Selic, hoje em 6,50% ao ano, o menor valor da história. A expectativa é de que, por enquanto, o BC não altere a taxa.

As projeções mais recentes foram divulgadas ontem no relatório Focus, que compila estimativas de instituições financeiras. A expectativa média é de que, após manter a Selic em 6,50% ao ano nesta semana, o BC corte a taxa básica para 6,25% em setembro, 6,00% em outubro e finalmente 5,75% em dezembro. Foi a primeira vez que, no Focus, as estimativas são de corte de juros este ano – e não de manutenção. Até a semana passada, as estimativas eram pela manutenção da Selic em 6,50% até novembro de 2020. Ontem, algumas instituições chegam a projetar uma Selic de 4,75% no fim de 2019.

Os cortes adicionais da Selic contrariam o cenário que era projetado pelas instituições financeiras e pelo próprio governo no fim de 2018. Isso porque havia a expectativa de que, com o aquecimento da economia no governo de Jair Bolsonaro, a inflação também subisse, o que exigiria juros mais elevados. Em quase seis meses de governo, porém, o que se viu foi uma queda nas projeções para o PIB este ano, na esteira das dificuldades do governo para aprovar a reforma da Previdência no Congresso. Contrastando com a projeção no Focus no início deste ano, que era de crescimento de 2,55% do PIB, agora, a estimativa é de 0,93%.

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“A questão da atividade foi o que mais pesou nas revisões para a Selic no Focus”, avaliou o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Flávio Serrano. “Mas há um conjunto de fatores atuando para o corte da Selic. Houve uma mudança no cenário externo, no sentido de corte de juros nos EUA, e existe probabilidade maior de aprovação da reforma da Previdência”, disse.

De acordo com Serrano, a aprovação da reforma será positiva para a reativação da atividade, mas ainda assim o BC será levado a promover novos cortes da Selic, porque a ociosidade na economia é grande. Parea ele, o mais provável é que a Selic caia a partir de setembro.

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Com a atividade econômica em marcha lenta e o desemprego em alta, empresários não encontram espaço para elevar preços. Para todo o ano de 2019, a projeção do IPCA no Focus de inflação caiu para 3,84%, abaixo da meta perseguida pelo BC para este ano, de 4,25%. / COLABOROU MARIA REGINA SILVA

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.